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PCP critica Governo por querer "novos e mais cortes na Segurança Social"

24 mai, 2015

Em causa aquilo que Jerónimo de Sousa considera ser “um arranjinho com o PS” com a ministra das Finanças.

PCP critica Governo por querer "novos e mais cortes na Segurança Social"

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou o Governo por pretender "novos e mais cortes na Segurança Social", questionando o porquê de querer fazer "um arranjinho com o PS".

Ao intervir, em Viseu, no encerramento da 10ª Assembleia da Organização Regional do PCP, Jerónimo de Sousa disse que "o que está aí pelas mãos do Governo são novos e mais cortes na Segurança Social", no valor de 600 milhões de euros.

"Porque é que será que a ministra das Finanças avançou com a possibilidade de um arranjinho com o PS para cortar nas reformas durante os próximos anos? Lá saberá porquê", afirmou.

O líder comunista avisou que, se com o PSD e o CDS a perspectiva é "de continuação do rumo da exploração, empobrecimento e declínio", o PS, com o seu relatório "Uma década para Portugal" completado com o programa eleitoral, mostrou "os seus propósitos de prosseguir, no essencial, a mesma política".

Na sua opinião, trata-se "um projecto de programa eleitoral com umas propostas de adorno, numa espécie de operação de douramento da pílula, na tentativa de tornar doce a amarga realidade da inexistência de uma verdadeira política alternativa".

"Na verdade, tal como o Governo PSD, o PS quer manter o confisco dos salários dos trabalhadores da administração pública no próximo ano, quer manter no essencial a brutal carga fiscal que incide sobre os rendimentos dos trabalhadores", lamentou.

Por outro lado, "quer manter em sede de IRC [Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas] os instrumentos para facilitar a fuga aos impostos ao grande capital, continuar a política de privatizações" e "lançar uma nova contra-reforma da Segurança Social, comprometendo a sua sustentabilidade e admitindo o aumento da idade da reforma e o estímulo ao plafonamento", acrescentou.

Segundo Jerónimo de Sousa, fica também clara "a sua intenção de facilitar ainda mais os despedimentos em geral" e a "admissão do congelamento dos salários na administração pública e das pensões de reforma até 2019".

"Convém registar a diferença, assente no grau e no ritmo: a direita quer cortes e austeridade de forma bruta e crua, o PS quer cortes de austeridade com inteligência", considerou.

No entanto, para o secretário-geral do PCP trata-se de "um programa de propostas que, nalguns casos, não passam de palavras vazias, de efeito demagógico", como a frase "o interior como centralidade do mercado ibérico.

"Inteligente pode ser, ninguém percebe é o que isto é", frisou, acrescentando que "não é mudando o centro da península no papel, mantendo as políticas de sempre, que as populações do interior verão os seus problemas resolvidos".

Jerónimo de Sousa aludiu também à proposta de criação de círculos eleitorais uninominais que "visa criar um sistema eleitoral que sobretudo favoreça e estimule a concentração de votos no PS e no PSD".

Na sua opinião, trata-se de "uma solução de engenharia eleitoral que lhes garanta formar governos com menos votos e eternizar o sistema de rotativismo bipolarizador".

"Uma solução para recuperar o actual sistema bipartidário, de governação, que começa a abrir brechas, de forma a garantir a continuação da sua hegemonia e alternância de governação, não vá o povo um dia mudar de opinião e também mudar de voto", acrescentou.

O líder comunista criticou o secretário-geral do PS, António Costa, por ter dito que "se não tiver maioria absoluta, o Presidente da República poderá vir a prolongar a agonia deste Governo até lá para Abril".

"Mais uma jogada inteligente. Ou será chico espertismo? Porque, naturalmente, o que se pretende é assustar muitos eleitores com esta ameaça de uma possível vitória da direita", alertou.