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António Costa: “É impensável convidar governador do Banco de Portugal sem consultar o PS”

23 mai, 2015

Em entrevista ao jornal online “Observador”, líder do PS defende que o objectivo da descida da TSU é intocável e admite governo de gestão case não haja maioria nas eleições.

António Costa: “É impensável convidar governador do Banco de Portugal sem consultar o PS”
Em entrevista ao “Observador”, líder do PS defende ainda que o objectivo da descida da TSU é intocável e admite governo de gestão case não haja maioria nas eleições.

O líder do PS, António Costa, espera que o Governo não tome sozinho a decisão de escolher o governador do Banco de Portugal (BdP).

Em entrevista ao jornal online “Observador”, António Costa defende um processo de diálogo com a oposição para reconduzir Carlos Costa ou o seu sucessor no BdP.

“Compete ao Governo fazer uma proposta, manda a boa tradição democrática que os governos consultem as oposições antes de tomarem iniciativas desta natureza e, sobretudo tendo em conta o calendário tão particular como o que estamos a viver, será para mim impensável que o Governo tome a iniciativa de convidar quem quer que seja para governador do Banco de Portugal sem que seja numa consulta com o PS.”

“Por outro lado, é necessário também garantir que não possamos ter um governador que se conforme com o grau de… governamentalização da administração e dos serviços do Banco de Portugal como tem acontecido – pela primeira vez na história do Banco nos últimos anos. Era desejável que pudéssemos ter um Banco de Portugal acima da conflitualidade política e não como parte do combate político”, completou.

Descida da TSU é “intocável”
Nesta entrevista ao Observador, António Costa defende também que o objectivo da descida da Taxa Social Única (TSU) para os trabalhadores é intocável e reafirma que o PS está contra o corte nas pensões.

“É absolutamente intocável. Se há algo que resulta para mim claro do documento dos economistas é que nós não conseguiremos ter a margem de manobra para fazer as reformas estruturais necessárias se não aliviarmos a pressão económica sobre a sociedade. E para a aliviarmos temos que descomprimir o rendimento das famílias, temos que criar condições para as empresas investirem e temos que ter uma redução significativa do nível do desemprego”, defende António Costa.

“Temos que fazer aquilo que é o contrário do que é possível esperar: habitualmente as pessoas dizem que é preciso crescer para ter emprego, nós estamos numa situação em que temos que ter emprego para ter crescimento”, considera.

Costa admite governo de gestão até Abril se não houver maioria nas legislativas
O líder socialista admite ainda que, caso o PS não tenha maioria absoluta nas legislativas, o presidente Cavaco Silva possa manter este Governo em gestão até às presidenciais do próximo ano.
     
“É sempre saudável que os governos sejam maioritários. E o objectivo que o PS tem é que possa constituir uma maioria, já tendo dito – e repito – que não confundo maioria com auto-suficiência”, considerou.

“No contexto actual, em que o Presidente da República decidiu marcar as eleições para uma data onde ele próprio já tem os poderes muitíssimo limitados, mas onde resolveu impor a condição original de que não aceitará governos minoritários, creio que os portugueses percebem que têm uma escolha muito clara pela frente: ou dão condições de governação maioritária ao PS ou terão de ver arrastar em agonia a actual coligação, em governo de gestão, pelo menos até Fevereiro do próximo ano”, afirma.

“Ou”, continuou ainda António Costa, “se houver segunda volta nas eleições presidenciais, quem sabe até Abril do próximo ano. Seria extremamente negativo para o país prolongar um quadro de incerteza manter um Governo em gestão até Fevereiro, Abril do próximo ano”, conclui.