Emissão Renascença | Ouvir Online

Passos. O "diabo" de uma eventual falta de maioria e as críticas ao PS "liberal"

22 mai, 2015 • Cristina Nascimento

Em entrevista ao Observador, o primeiro-ministro diz que as "medidas apresentadas pelos economistas do PS são perfeitamente liberais" e que não as subscreve.

Passos. O "diabo" de uma eventual falta de maioria e as críticas ao PS "liberal"
Pedro Passos Coelho, em entrevista ao Observador, garante que se nenhum partido alcançar a maioria nas próximas eleições legislativas "vai ser o diabo". O primeiro-ministro diz ainda que as "medidas apresentadas pelos economistas do PS são perfeitamente liberais" e que não as subscreve.

Pedro Passos Coelho garante que se nenhum partido alcançar a maioria nas próximas eleições legislativas "vai ser o diabo".

Em entrevista ao jornal digital "Observador", Passos Coelho foi questionado sobre a hipótese de a coligação não conseguir alcançar uma maioria.

"Se ninguém tiver maioria, como se costuma dizer, 'vai ser o diabo'. Porque no actual estado das coisas, em que nós precisamos realmente de consolidar esta recuperação e mostrar determinação, se usarmos parte do nosso tempo a negociar apoios para defender equilíbrios muito instáveis, ou se tivermos dificuldade em ter um Governo com o mínimo de estabilidade, isso paga-se", diz Passos.

Nesta entrevista, Passos Coelho deixa também claro que, se ganhar as eleições, dificilmente haverá uma redução do IRS, só a eliminação da sobretaxa.

"Está prevista a remoção da sobretaxa do IRS. O ritmo dependerá em grande medida do comportamento da economia. Temos uma previsão: ao fim dos quatro anos estaríamos com todas as medidas (incluindo salários da função pública) removidas. Parece-nos fazível. Se a economia vier a consentir um ritmo superior, não deixaremos de o fazer", diz Passos.

PS liberal?
Já sobre a Taxa Social Única (TSU), que o PS admite baixar para trabalhadores e empresas, Passos é claro: a medida é “incomportável”.

"Qualquer delas é incomportável. Qualquer delas. As duas juntas, enfim, ultrapassam a fronteira daquilo que é razoável sequer discutir no âmbito da flexibilidade do Pacto de Estabilidade ou de qualquer outra flexibilidade", afirma Passos Coelho, acrescentando que o problema é o financiamento para a Segurança Social. "Não é orçamentalmente suportável – representa uma perda de financiamento para a Segurança Social que punha em risco o pagamento das pensões", esclarece.

Passos Coelho vai mais longe e considera que, apesar do PS manifestar vontade em cumprir os compromissos internacionais, as suas propostas vão em sentido contrário.

"O PS proclamou que vai respeitar as regras. Mas até hoje, tudo o que é anunciado não nos permite concluir que as regras vão ser respeitadas, antes pelo contrário", diz Passos Coelho.

As "medidas apresentadas pelos economistas do PS são perfeitamente liberais" e que não as subscreve.

A urgência do OE 2016
Apesar de as eleições estarem agendadas para Setembro/Outubro, altura em que habitualmente o Orçamento do Estado já está a ser finalizado e entregue no Parlamento, Passos diz esperar que o Orçamento do Estado para 2016 entre em vigor o mais depressa possível.

O primeiro-ministro explica que, caso contrário, o ano vai começar sem a aplicação das medidas de austeridade (por exemplo, cortes de salários na função pública, sobretaxa de IRS), colocando em risco o cumprimento de metas do défice.

“Enquanto não tivermos novo orçamento nós teremos de viver num regime de duodécimos relativamente ao orçamento anterior, mas sem a aplicação de medidas extraordinárias. O que significa que todas as medidas que hoje vigoram, quer do lado da receita, quer do lado da despesa (e que hoje vigoram) caem", remata.