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Líder do Podemos acusa Durão de ser o "arquitecto do desastre" económico português

14 abr, 2015

Livro do espanhol Pablo Iglesias, de 37 anos, critica os governos europeus pelo desmantelamento do Estado Social. "O que basicamente aconteceu é que se deslocou a carga da crise dos bancos para os cidadãos".

Líder do Podemos acusa Durão de ser o "arquitecto do desastre" económico português
O ex-primeiro-ministro Durão Barroso foi o "arquitecto do desastre" económico português, acusa Pablo Iglesias, líder do partido espanhol Podemos, no livro "Disputar a Democracia" que vai ser lançado em Portugal.

Para Iglesias, a nomeação do "anfitrião" da Cimeira dos Açores (Março de 2003), "o antigo maoísta Durão Barroso", como presidente da Comissão revelou a submissão europeia aos Estados Unidos e a humilhação de todos aqueles que disseram que o "antibelicismo retórico" durante os ataques do Iraque era a base da identidade europeia.

O líder do Podemos refere que "o arquitecto do desastre económico português (Durão Barroso) foi proposto pelo pacifista Blair em 2004", acrescentando que, o "recém-nomeado" foi de férias no iate do armador grego Spiro Latsis, que pouco depois receberia uma ajuda de 10 milhões de euros aprovados pela Comissão Europeia.

O político espanhol recorda que, na sequência da crise bancária e do mercado imobiliário norte-americano, desde 2006, milhares de pessoas em Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha perderam empregos e foram desalojados das casas onde viviam por não poderem garantir o pagamento das hipotecas.

No seu livro, Pablo Iglesias critica os governos europeus pelo desmantelamento do Estado Social. "O que basicamente aconteceu é que se deslocou a carga da crise dos bancos para os cidadãos".

"Os resultados das políticas de austeridade em Espanha, são assustadores. Em finais de 2013 havia mais de seis milhões de desempregados, dos quais mais de um terço não recebe nenhum tipo de prestação", escreve Iglesias, referindo-se igualmente ao aumento da emigração entre os jovens licenciados e a situações de fome em Espanha.

Assume-se como "enfant terrible"
Em Espanha, o Podemos ataca o "golpismo brando" dos conservadores do Partido Popular e dos socialistas do PSOE, que através da reforma constitucional de 2011 revelaram que partilham o mesmo projecto político, sobretudo em questões europeias e orçamentais.

"Os necessários acordos entre os dois grandes partidos do regime político espanhol revelam que o regime está em crise e que uma das suas vítimas, como ocorreu na Grécia pode ser a social-democracia" (página 171), escreve Iglesias.

Professor universitário, político, escritor, apresentador e comentador de televisão, Iglesias, 37 anos, foi eleito eurodeputado em 2014 pelo Podemos sendo actualmente o secretário-geral do partido que reclama ser "alternativa" ao estado da política espanhola. 

O dirigente analisa a história contemporânea espanhola e europeia; as causas da crise financeira; as soluções para a criação de uma nova ideologia e assume-se como "enfant terrible".

O livro "Disputar a Democracia- Política para tempos de crise", (Bertrand Editora) chega as livrarias portuguesas no dia 17 de Abril.