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Ministra das Finanças rejeita ter responsabilidade política na "lista VIP"

27 mar, 2015

Maria Luis Albuquerque garante que haverá consequências de acordo com os resultados do inquérito em curso.

Ministra das Finanças rejeita ter responsabilidade política na "lista VIP"

A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, negou esta sexta-feira responsabilidade política na criação de uma alegada "lista VIP" na Autoridade Tributária, considerando que o controlo político sobre o fisco seria um desrespeito pela autonomia da administração pública.

"O controlo político do que se passa dentro da administração pública é um desrespeito pelo que é [neste caso] a Autoridade Tributária, da sua autonomia e responsabilidade", afirmou esta sexta-feira Maria Luís Albuquerque no Parlamento, em resposta ao PS.

"Ou há lista e ela foi decretada pelo Governo ou há e foi decretada pela Autoridade Tributária", afirmou o deputado socialista João Galamba, considerando que ambos os casos são "inaceitáveis".

A ministra das Finanças começou por recordar a criação da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CReSAP), que considerou ser "completamente independente", para afirmar que o Governo "não quer ter uma administração pública povoada de comissários políticos".

"Compreendo que isso merecesse a simpatia de alguns deputados, mas não nos merece simpatia. Queremos uma administração pública que tenha qualidades, autonomia e responsabilidade. Não uma administração pública que se veja impossibilitada das funções por ter pedido autonomia", afirmou Maria Luís Albuquerque.

No mesmo sentido, disse a ministra, "quando há da parte da administração pública alguém que excedeu o que são as suas competências há que apurar as responsabilidades e actuar de acordo" com os resultados finais.

A governante justificou o pedido de auditoria à Inspecção-Geral de Finanças com o "apuramento total" do que se passou, considerando que "não é através de jornais e revistas" que essa averiguação é feita, e afirmou que com os resultados serão decididas as consequências a tomar.

Admitindo que a AT tem "muitíssima gente de qualidade e que cumpre o seu dever com lealdade e competência", Maria Luís Albuquerque disse que "também não se pode ignorar que haverá alguns desses trabalhadores que desrespeitaram as regras, violaram privacidade" dos contribuintes.

"O direito fiscal é válido igualmente para todos os contribuintes", afirmou a ministra, sublinhando que "todos têm o direito de ter situação fiscal protegida e de não ter pessoas que a acedem a ela por curiosidade", considerando que este é um "problema de substância que, acontecendo, deve preocupar todos".