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Silva Peneda: “Não reconheço competência técnica ao FMI”

14 mar, 2015

O presidente do Conselho Económico e Social critica o FMI, afirmando que, neste momento, já não é tão importante olhar para as recomendações do Fundo. "Expresso" noticia que o FMI reitera desconfiança em relação ao futuro da economia nacional.

Silva Peneda: “Não reconheço competência técnica ao FMI”

O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda, diz que não reconhece ao FMI "competência técnica" porque demostrou, ao longo do programa de ajustamento da troika, "muitas fragilidades".

Em declarações à Renascença, Silva Peneda reage às críticas com que o Fundo brinda o Governo português e que o "Expresso" noticia este sábado.

Segundo o FMI, Governo e parceiros sociais desistiram das reformas. A organização teme que a economia portuguesa volte ao modelo anterior ao pedido de ajuda externa, há três anos. 

Silva Peneda pensa que o FMI não tem moral para dar lições, quando no passado cometeu "erros na elaboração do programa que nunca admitiram".

"Havia uma obsessão em manter esses erros", lembra o presidente do CES, reportando-se a várias reuniões em que esteve presente ao longo dos últimos três anos com os elementos da missão da troika.

Os resultados do programa, que, na opinião de Peneda, identificou mal o problema da economia de Portugal (que não era financeiro, mas sim estrutural), não foram bons e nada têm a ver com as metas estabelecidas quando foi desenhado.

Em relação aos riscos de retrocesso que o FMI identifica, Silva Peneda diz que estes "existem", mas "quem governa tem de ter consciência disso" e  os executivos nacionais não precisam que o FMI "venha dizer que há riscos porque eles são evidentes".

Em relação à propalada interrupção das reformas estruturais, o presidente do CES admite que fica "nervoso" quando se fala do tema sem que se diga o que são "reformas estruturais". "O que é? Em que sectores?", questiona.

"Querem desregular o mercado de trabalho no seu todo? Eu gostava que concretizassem o que dignifica. Privatizações? Já foi tudo feito", afirma, rematando a dizer que o FMI já "não comanda as decisões" e não é um factor primordial nas discussões.