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Presidenciais. Maria de Belém remete "decisão pessoal" para depois das legislativas

12 mar, 2015 • José Pedro Frazão

A antiga presidente do PS abre um tabu sobre uma possível candidatura a Belém. "Não se exclui nem se inclui" de uma corrida presidencial e assegura que também tem sensibilidade para a política externa. Apesar de tudo, garante que não desistiu de esperar por uma candidatura de Guterres.

Presidenciais. Maria de Belém remete "decisão pessoal" para depois das legislativas

“Depois das legislativas logo se verá”. É desta forma que Maria de Belém Roseira, ex-presidente do PS, comenta uma possível candidatura presidencial, alimentada por alguns militantes socialistas, com Ana Gomes à cabeça.

Em entrevista à Edição da Noite, da Renascença, a antiga ministra da Saúde diz que, “neste momento”, essa é uma matéria que não está nas suas preocupações. "Como militante de um partido político, vou empenhar-me relativamente às legislativas. Depois das legislativas, logo se verá”, afirma.

Questionada sobre se isso implica que não exclui uma candidatura presidencial, Maria de Belém alimenta a incerteza e mantém cenários em aberto. " Não excluo, nem incluo”, responde, para, mais à frente, assegurar: “Não tomarei nenhuma decisão pessoal nessa matéria antes das legislativas. As legislativas é que são verdadeiramente importantes”.

Tal como António Vitorino ou António Costa, Maria de Belém também desejaria ver Guterres em Belém. A deputada socialista, ex-ministra e amiga de longa data de Guterres  mantém que o ex-primeiro-ministro é o melhor candidato ao cargo, mesmo com as notícias que vão tornando esse cenário muito incerto. "Não desisti [de ver António Guterres nessa corrida presidencial], continuo à espera. Continuo a achar que [Guterres] tem um perfil ajustadíssimo ao exercício de funções presidenciais", aponta.

Sensibilidade para politica externa
A deputada socialista entende que o seu perfil cabe no perfil sugerido por Cavaco Silva para um bom candidato a Belém. "Não é tradicional nem normal e, porventura, não é desejável que um Presidente da República em funções emita opiniões sobre o que deve ser ou quais as características ou competências que deve ter o Presidente da República futuro. As questões da política externa e da defesa são extraordinariamente importantes. Sou auditora de defesa nacional há mais de 30 anos. Se é a minha credencial ? Não [mas] do ponto de vista da política externa e de segurança e de defesa, como é evidente, tenho uma enorme sensibilidade para essa área”, garante a antiga Presidente do PS.

Maria de Belém elabora sobre o perfil de um Presidente da República:"A actuação dos pesidentes tem mais a ver, por muito injusto que isso seja, com a capacidade interna de ser muitas vezes um árbitro, de ser capaz de resolver questões a nível interno [mais] do propriamente a projecção internacional. É evidente que tem que haver pessoas capazes de perceber aquilo que os portugueses estão a sentir. Seja na sua incapacidade de encontrar emprego e emprego satisfatório ou na precariedade das relações laborais”, exemplifica a militante socialista.

Ainda assim, a antiga ministra considera “inadequado” que se coloque essa questão,neste momento,na agenda política. Uma das razões chama-se Cavaco Silva: "O actual Presidente da República tem ainda um ano de mandato, embora mais de metade dele sem possibilidade de exercer alguns dos seus poderes mais relevantes. É um esvaziamento de funções que se faz a um Presidente que ainda estará um ano em exercício”, argumenta Maria de Belém, que insiste na sua tese, quando é recordada da antecedência de quase um ano fixada por Jorge Sampaio para apresentar a sua candidatura em 1995.

Uma outra justificação liga-se ao próprio tabu agora definido. “É a realização de eleições legislativas este ano. São extraordinariamente importantes".