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Machete explica o que quis dizer com "reparações" da troika, mas afasta hipótese

23 fev, 2015

"Se houvesse situações que tornassem patente uma desigualdade, essa desigualdade de tratamento deveria ser colmatada. Isso neste momento perdeu actualidade", diz o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Machete explica o que quis dizer com "reparações" da troika, mas afasta hipótese
As declarações causaram alguma incompreensão: o que quereria dizer o ministro dos Negócios Estrangeiros quando aludiu, na sexta-feira, a possíveis "reparações" devidas pela troika a Portugal? A resposta chegou esta segunda-feira pela voz do próprio Rui Machete.

"Se houvesse questões que tornassem patente uma desigualdade, essa desigualdade de tratamento [face à Grécia] deveria ser colmatada", disse. Mas "isso neste momento perdeu actualidade".

O que aconteceu para a ideia perder "actualidade"? As negociações sobre o programa de resgate à Grécia, referiu aos jornalistas o chefe da diplomacia portuguesa, que falava no final de um encontro com o seu homólogo espanhol, no Palácio das Necessidades, em Lisboa.

Na sexta-feira passada, o ministro Rui Machete referiu que a troika poderá dever "reparações" a Portugal caso se confirme que as medidas do programa de resgate prejudicaram o país.

Questionado sobre as suas declarações, o ministro sublinhou, esta segunda-feira, que "há uma grande diferença: Portugal já acabou o seu programa [de ajustamento] e a Grécia ainda não".

Antes, Rui Machete destacara que "há coisas que são indiscutíveis: as dívidas devem ser pagas".  "Depois, há problemas que podem ser resolvidos, como por exemplo questões de taxas de juro", referiu, acrescentando: "Era a propósito desse problema que poderia eventualmente pôr-se uma questão desse género, mas não tem sentido estar a desenvolver coisas hipotéticas quando estão a decorrer negociações que se orientaram num sentido diferente".

O governante mencionou ainda que o Eurogrupo deve agora "olhar em frente" e "ver como é possível chegar a um acordo que permita que a Grécia permaneça no euro".

Na sexta-feira passada, Rui Machete, que não quis alongar-se sobre que tipo de "reparações" Portugal pode reclamar, comentava as declarações do presidente da Comissão Europeia, na quarta-feira, segundo as quais a troika "pecou contra a dignidade" de portugueses, gregos e também irlandeses, reiterando que é preciso rever o modelo e não repetir os mesmos erros.

"Eu interpreto isto [as declarações de Jean-Claude Juncker] por um desejo de facilitar as coisas e de reconhecer que houve aspectos negativos. Eu lembro, por exemplo, as censuras que a troika fez ao aumento do salário mínimo que Portugal precisou, mas evidentemente se isso é verdade devem-nos reparações. Vamos ver", declarou Rui Machete na sexta-feira.

Rui Machete considerou que, "dentro do contexto em que foi proferida, foi uma declaração não muito feliz – há que dizê-lo – mas reconhecendo que, se as coisas tivessem sido pensadas de outra maneira e com outra maturidade, poderiam ter evitado alguns aspectos mais negativos".