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António Costa: Antecipar pagamento ao FMI é uma forma de renegociação da dívida

10 fev, 2015

Portugal quer antecipar pagamento de 14 mil milhões e poupar 200 milhões em juros. Para o líder do PS, "isto é simplesmente renegociar dívida, não é reduzir o nosso endividamento".

António Costa: Antecipar pagamento ao FMI é uma forma de renegociação da dívida
O líder do PS considera boa a estratégia de antecipação do pagamento de parte do empréstimo da “troika” para poupar cerca de 200 milhões em juros. Mas para António Costa isto é uma forma de renegociação da dívida.

"O que o Governo acaba de fazer é uma renegociação da dívida. É trocar uma dívida que tinha o juro mais elevado, por uma dívida nova com juro mais baixo. Isto é simplesmente renegociar dívida, não é reduzir o nosso endividamento", considera.

Para ilustrar a sua opinião, o secretário-geral socialista usa como exemplo um agregado: "Se uma família tiver um empréstimo à habitação muito elevado, se tem oportunidade de mudar para um empréstimo, num outro banco, com uma nova taxa de juro, naturalmente que renegoceia e muda de banco e mantém o seu empréstimo com uma taxa de juro menor. O essencial para a família, claro que poupou em juros, em encargos e ganhou em liquidez, mas o fundamental continua a ser o mesmo: tem ou não o rendimento para sustentar esse pagamento?"

O plano de reembolso antecipado ao Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentado por Portugal está já a ser avaliado pelas instituições europeias, merecendo à partida o aval da Comissão Europeia.

O plano do Ministério das Finanças propõe a devolução de "14 mil milhões de euros num prazo máximo de dois anos e meio”.

Caso este plano seja aprovado, isto significa que Portugal vai devolver mais de metade do crédito devido à instituição liderada por Christine Lagarde em dois anos e meio, uma vez que o Fundo emprestou 27,38 mil milhões de euros, de acordo com a versão mais recente do calendário de amortização da dívida directa do Estado da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), de Janeiro.

A 21 de Janeiro, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, já tinha anunciado no Parlamento que Portugal vai proceder ao pagamento antecipado do empréstimo contraído ao FMI durante o resgate financeiro do país, uma vez que o Estado acumulou "um montante de reservas de liquidez muito significativo" que permite "enfrentar com muita tranquilidade" eventuais dificuldades futuras.