31 jan, 2015
Portugal vive o tempo de "uma política de legítima defesa", devido a uma crise de "excesso de ignorância" e um "défice de conhecimento", considerou o filósofo Viriato Soromenho Marques no final da convenção "Tempo de avançar".
A convenção juntou 600 participantes em Lisboa, entre independentes e movimentos como o LIVRE que se juntaram na iniciativa "Tempo de Avançar", que disputará as próximas eleições legislativas.
A convenção foi o início do processo de fazer as listas de candidatos a deputados e aprovou também documentos regimentais e as linhas programáticas (com o título genérico "Avançar agora para recuperar o futuro").
Aos presentes o filósofo e professor falou da necessidade de inteligência e sentido crítico e lamentou a "degradação da democracia representativa" e a "captura do poder político" pelas instituições financeiras.
E insurgiu-se contra a "náusea" que causam os casos relacionados com bancos como o BES ou o BPN, contra a "legislação escrita por lobistas", contra as democracias não serem capazes de dar resposta aos "desafios globais da crise" e à "globalização caótica do sistema económico".
Na convenção aprovou-se as linhas programáticas da candidatura, que perspectivam um orçamento do Estado com "redistribuição mais justa da carga fiscal", a valorização do salário mínimo, e a protecção das famílias que percam a casa por não pagamento de hipotecas.
No documento preconiza-se mudanças no sistema eleitoral para incluir um círculo nacional, e o direito de voto dos imigrantes que vivam no país há mais de três anos. E quer-se também um novo referendo sobre a regionalização, com a qual concordam.
Nas políticas sociais deve de restringir-se o papel dos privados, deve reorganiza-se o sector da Saúde, e, diz-se no documento, devem limitar-se as "atribuições excessivas de bónus" a quadros superiores.
Nele também se defende a criação de um rendimento básico "atribuído a todos os cidadãos". Mas de criação ponderada. E só se for sustentável.