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Passos Coelho. Algumas ideias do Syriza são "conto de crianças"

26 jan, 2015

Syriza, da esquerda radical, venceu as eleições na Grécia. O primeiro-ministro português espera que o país cumpra as regras europeias.

Passos Coelho. Algumas ideias do Syriza são "conto de crianças"
O primeiro-ministro português considera que o programa do Syriza é dificilmente conciliável com as regras europeias, mas disse esperar que o novo Governo grego as cumpra e possa manter-se na Zona Euro e na União Europeia. Na sua intervenção, sustentou ainda que Portugal está numa situação diferente da Grécia porque não seguiu os conselhos do PS, que acusou de ter uma estratégia semelhante à do Bloco de Esquerda.
O primeiro-ministro português considera que o programa do Syriza é dificilmente conciliável com as regras europeias, mas disse esperar que o novo Governo grego as cumpra e possa manter-se na Zona Euro e na União Europeia.

Em declarações aos jornalistas, na Universidade Católica, em Lisboa, Pedro Passos Coelho apelidou de "conto de crianças" a ideia de que "é possível um que um país, por exemplo, não queira assumir os seus compromissos, não pagar as suas dívidas, querer aumentar os salários, baixar os impostos e ainda ter a obrigação de, nos seus parceiros, garantir o financiamento sem contrapartidas".

"É sabido que o programa do partido que ganhou as eleições é difícil de ser conciliado com aquilo que são as regras europeias. O meu desejo é que seja possível conciliar, porque nós reconhecemos o enorme esforço que os gregos fizeram e esperamos que a Grécia se possa manter como um parceiro europeu da mesma moeda e da União Europeia. É esse o meu voto sincero", acrescentou. 

Na sua intervenção sustentou que Portugal está numa situação diferente da Grécia porque não seguiu os conselhos do PS, que acusou de ter uma estratégia semelhante à do Bloco de Esquerda. "Nós, felizmente, não estamos na situação da Grécia - que está num segundo programa, se calhar a precisar de um terceiro, não sabemos como, ainda com dificuldades várias. E se não estamos nessa situação, deveu-se ao facto de não termos seguido os conselhos do PS até hoje".

O chefe do executivo PSD/CDS-PP alegou que, "até hoje, a estratégia que o PS tem reivindicado para Portugal, infelizmente, é uma estratégia muito semelhante à do Bloco de Esquerda", acrescentando: "É a de não cumprir as metas nem os objectivos que estavam traçados, suscitar como todos se recordam a renegociação do programa que nós já fechámos, que já terminámos".

Eleições? "Ainda falta tanto tempo..."
Escusando-se a comentar o facto de o secretário-geral do PS, António Costa, ter apontado a vitória do Syriza nas eleições de domingo na Grécia como "um sinal de esperança" e de "esgotamento das políticas de austeridade", Passos reiterou a ideia de que, com a estratégia dos socialistas, o programa de resgate a Portugal não teria sido concluído.

"Não fechámos o programa de assistência no ano passado por termos seguido a estratégia do PS, foi por termos feito justamente o contrário. E isso deixa-me muito confortável e muito confiante quanto ao caminho que seguimos até hoje e quanto àquele que estamos a seguir agora, que é um caminho com mais esperança para os portugueses, e com mais confiança de que não estamos a regressar a um período de dificuldades, pelo contrário, estamos gradualmente a sair delas", concluiu.

Interrogado se está confiante em relação às legislativas deste ano, o primeiro-ministro e presidente do PSD respondeu: "Ainda falta tanto tempo para as eleições..."

O Syriza, coligação de esquerda radical, venceu as eleições de domingo com 36,34% dos votos e conseguiu 149 deputados – ficou a dois a maioria absoluta. O novo governo grego resultou da reunião entre Alex Tsipras e Panos Kammenos, líder do partido dos Gregos Independentes.

No primeiro discurso, Tsipras anunciou o fim da austeridade.