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Jardim já apresentou a demissão

12 jan, 2015

Presidente do governo madeirense esteve 36 anos no poder.

Jardim já apresentou a demissão
Alberto João Jardim deixa esta segunda-feira a presidência do governo regional. Foram 39 anos, nove meses e 26 dias de um estilo político muito próprio, popular e populista como nenhum outro. Para memória futura ficam as obras, e as dívidas, mas também as frases desassombradas, as danças, as cantorias, os brindes com poncha e os charutos “à revolucionário”.

O presidente do Governo Regional da Madeira apresentou esta segunda-feira, formalmente, o pedido de demissão do cargo ao representante da República. Alberto João Jardim estava no poder desde Março de 1978.

Em declarações aos jornalistas na hora da saída fez um balanço dos 36 anos como líder do arquipélago. “Foi difícil, mas não foi pesado, porque o que se faz por gosto não é pesado”, afirmou depois de reunir com o representante da República, o juiz conselheiro Ireneu Barreto, acrescentando que esta “não é uma questão de estar aliviado”, uma vez que ainda tem “responsabilidades governativas até Abril”.

Alberto João Jardim recordou que o seu projecto era “entregar o governo agora, já” ao novo líder eleito do PSD/Madeira, sem eleições antecipadas. “O guião foi cumprido todo, menos esta parte de haver eleições antecipadas”, sublinhou o governante, argumentando que “se o guião tivesse sido cumprido, hoje entrava de férias”.

Jardim vai ficar longe da ribalta nos próximos tempos. “Vou procurar estar o mais ausente possível nestes primeiros tempos de actos do PSD/M”, disse, considerando ser "incómodo" para os novos responsável “terem à volta” uma figura que foi tutelar no partido.

Jardim admitiu ainda fazer campanha eleitoral ao lado do novo líder social-democratra madeirense, Miguel Albuquerque, sustentando que está disponível para “fazer tudo o que o partido pedir”, embora nessa altura ainda tenha assuntos pendentes a tratar no estrangeiro.

Esta demissão vai obrigar à realização de eleições antecipadas, que deverão ser marcadas para o final de Março.

A decisão surge um dia depois da aclamação no XV congresso regional do PSD-Madeira, que decorreu no Funchal, do novo líder Miguel Albuquerque, eleito numa segunda volta de umas eleições internas que se realizaram a 29 de Dezembro.

Jardim defendeu que o seu sucessor na liderança do partido o substituísse também no cargo de chefe do executivo madeirense até ao final da legislatura, em Outubro, mas Miguel Albuquerque exige a realização de eleições antecipadas para ter "uma base de legitimidade democrática" para governar.

Depois deste encontro com o representante da República, Jardim vai apresentar o mesmo documento do pedido de exoneração do cargo ao presidente da Assembleia Legislativa da Madeira.