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BES. Maioria dos administradores não praticou "gestão ruinosa"

22 dez, 2014

Rui Silveira considera que a medida de resolução aplicada ao banco foi "excessiva e ilegal".

O ex-administrador do Banco Espírito Santo (BES), Rui Silveira, assegurou no parlamento que a grande maioria dos antigos membros executivos do banco são "totalmente alheios" à prática de actos de gestão gravemente lesivos para o BES.

Segundo o responsável, que não avançou com nomes, estes responsáveis "só tiveram conhecimento" da prática de actos irregulares nos dias 15 de Julho de 2014 (quando foram conhecidas as cartas de conforto a favor de entidades venezuelanas) e 21 de Julho de 2014 (que se soube da emissão de obrigações).

Rui Silveira garantiu que quando tiveram conhecimento destes factos, comunicaram-nos "de imediato ao Banco de Portugal (BdP)". E reforçou: "Actos que, pela forma e circunstâncias em que foram praticados, era impossível detectar, conforme reafirmado quer pelo auditor externo, dr. Sikander Sattar [KPMG Portugal], quer pelos auditores do BdP em função permanente no BES".

Ainda assim, concluiu que "no âmbito do GES e do BES ocorreram situações lesivas dos interesses do banco, cuja responsabilidade deverá ser apurada pelos órgãos jurisdicionais para tanto competentes". 

Na sua audição disse ainda que a medida de resolução aplicada ao banco foi "excessiva e ilegal" e com a "participação activa" da Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Governo e Banco de Portugal.

De acordo com o responsável, é "sintomático" que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, "não se tenha poupado" ultimamente a "juízos que competem à comissão de inquérito" descortinar.

Esta segunda-feira é o último dia de trabalho do ano para a comissão parlamentar: além de Rui Silveira, também esteve no parlamento Joaquim Goes, também outrora administrador executivo do banco.

Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

A 3 de Agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

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