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"Madeirenses vão ter saudades de Alberto João Jardim"

19 dez, 2014 • Paula Caeiro Varela

Mota Amaral acredita que a marca do consulado de Alberto João Jardim será sempre lembrada na Madeira e considera que há um futuro político para o líder insular, mas Belém está fora do horizonte.

É um olhar sobre o percurso de um político, mas não de um político qualquer e não por um político qualquer. Alberto João Jardim prepara-se para deixar o Governo Regional da Madeira ao fim 36 anos. O fim de uma era? O fim, pelo menos, de um “longo consulado” que, na análise de Mota Amaral, deixa uma “impressão digital nas ilhas da Madeira e Porto Santo e nas suas gentes, que se espalham pelo mundo todo”.

São companheiros de partido, são da mesma idade (nasceram em 1943), e durante 17 anos coincidiram na Presidência dos governos regionais. João Bosco da Mota Amaral nos Açores, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim na Madeira.

Em declarações à Renascença, Mota Amaral resume numa frase o maior feito que atribui a Jardim: “Resgatou a Madeira de um atraso antigo e criou condições para uma sociedade moderna funcionar na Madeira.” Mas houve mais, nem todos reconhecidos pelo resto do país.

O ex-presidente do Governo Regional dos Açores destaca o papel de Jardim nos movimentos regionais na Europa e não regateia elogios ao seu trabalho como presidente da Comissão das Regiões Periféricas Marítimas. Isto sem esquecer, claro, que foi uma das figuras centrais da consolidação da autonomia democrática.

Do político Alberto João e do seu legado, o ex-Presidente da Assembleia da República não hesita em dizer: “Os madeirenses vão ter saudades dele e hão-de lembrar-se sempre que no seu tempo de governo viveram-se os anos mais fascinantes do desenvolvimento da Madeira.”

E sobre o futuro político? Mota Amaral diz que será o que Alberto João Jardim entender, se entender por bem lançar-se noutros palcos depois de uma tão longa presença à frente dos destinos da região autónoma. Mas Belém está fora desse horizonte. Embora reconheça que esteve há anos na “short-list” para essas funções, o antigo presidente do Parlamento está convencido de que Jardim “já desistiu dessa ideia”.