"O dono disto tudo aparece como vítima disto tudo"
09 dez, 2014 • Filipe d'Avillez
“Quer-nos convencer que o homem à frente do império nada teve a ver com a queda do império, o que, além de não ser convincente, é impossível”, disse deputada do Bloco de Esquerda.
“O dono disto tudo aparece como vítima disto tudo”. Foi assim que a deputada Mariana Mortágua procurou resumir a presença de Ricardo Salgado na comissão parlamentar de inquérito que analisa a crise do BES, esta terça-feira. O antigo presidente do BES não gostou dos termos e respondeu prontamente que não se considera, nem nunca se considerou “dono disto tudo”. "'Dono disto tudo’ é uma classificação irrisória”, atirou.
“O dono disto tudo aparece como vítima disto tudo”. Foi assim que a deputada Mariana Mortágua procurou resumir a presença de Ricardo Salgado na comissão parlamentar de inquérito que analisa a crise do BES, esta terça-feira.
“Quer-nos convencer que o homem à frente do império nada teve a ver com a queda do império, o que para além de não ser convincente, é impossível”, concluiu a deputada.
O antigo presidente do BES não gostou dos termos e respondeu prontamente que não se considera, nem nunca se considerou “dono disto tudo”.
“Considero-me uma pessoa sóbria, um trabalhador, mais de 70% dos fins-de-semana trabalhava, com sacrifício para a minha família. ‘Dono disto tudo’ é uma classificação irrisória”, atirou.
“Para mim, sinceramente, dono disto tudo é o povo português e os senhores deputados representam o povo português. Nunca fui, nem pretendi ser o dono disto tudo, foi uma classificação que me foi colada para me prejudicar no futuro”, afirmou o ex-director do BES.
"A minha responsabilidade será apurada pelos tribunais"
Ricardo Salgado fez questão de ainda voltar a esta questão no final da sua resposta a Mariana Mortágua, negando que tenha aparecido na Assembleia da República para fazer o papel de vítima.
“Peço-vos que não considerem que venho cá colocar-me na posição de vítima. Venho cá para dar a minha versão objectiva dos acontecimentos. A minha responsabilidade será apurada pelos tribunais. Sempre procurei defender os interesses dos clientes, numa envolvente política, económica e financeira extremamente complexa. Nunca passei por uma crise desta dimensão”, concluiu.
Na mesma resposta, Ricardo Salgado deixou o que pode ser entendido como uma farpa a José Maria Ricciardi, que será ouvido na próxima sessão da comissão. Os dois membros da mesma família têm-se desentendido publicamente e, apesar de Salgado ter dito várias vezes durante o dia que se sente incumbido da missão de defender a honra e a dignidade da família Espírito Santo, deixou Ricciardi de fora.
“O meu objectivo é defender a honra e a dignidade da família. José Maria Ricciardi certamente não precisa disso. Cada um pode ter as opiniões que quiser, mas deve assumir as responsabilidades dessas opiniões”, afirmou.