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Dirigentes do PS receiam que caso Sócrates "contamine" partido

28 nov, 2014 • Susana Madureira Martins

A questão é saber se os eventuais crimes foram ou não praticados durante a governação de Sócrates. Se sim, o caso é considerado bicudo por alguns socialistas, que já temem que as suspeitas se estendam a outros elementos que fizeram parte do Governo.

Dirigentes do PS receiam que caso Sócrates "contamine" partido
José Sócrates está preso e o congresso socialista, que começa este sábado, em Lisboa, não tem como ignorar o facto ou fazer dele tabu. Mas a maior preocupação de vários dirigentes socialistas com que a Renascença falou e que pediram para não serem identificados vai já para além da reunião deste fim-de-semana: a possibilidade de haver mais nomes envolvidos e a “contaminação” do PS por este caso.

A questão é saber se os eventuais crimes foram ou não praticados durante a governação de Sócrates. Se sim, o caso é considerado bicudo por alguns socialistas, que já temem que as suspeitas se estendam a outros elementos que fizeram parte do Governo. E o receio manifestado à Renascença é mesmo que comecem a ser divulgados mais nomes eventualmente envolvidos.

Enquanto essa dúvida não tem resposta, este fim-de-semana os socialistas reúnem-se num congresso que era para não ter história (servia apenas para consagrar António Costa como líder do PS), mas que ganhou um novo interesse depois da detenção do antigo secretário-geral e primeiro-ministro.

Sócrates será uma espécie de ausente presente no congresso. Os dirigentes nacionais – seguristas e costistas - têm absoluta consciência disso e todos temem que a reunião de dois dias fique marcada por um tiro ao alvo ao sistema judicial, apesar dos apelos de António Costa para separar o partido de um processo que pertence à justiça.

A preocupação, contudo, é generalizada: há dirigentes nacionais que consideram mesmo que se se confirmarem as suspeitas em torno do ex-primeiro ministro, então o PS fica mesmo em maus lençóis e durante muito tempo.

A futura geração de dirigentes nacionais pode ficar com uma pesada herança às costas. Uma herança que, eleitoralmente, dizem os socialistas ouvidos pela Renascença, pode condenar o partido a percentagens cada vez mais baixas e, no limite, acontecer ao PS o que aconteceu ao partido socialista italiano: a dissolução pura e simples.