26 nov, 2014
"Toda a gente acredita na inocência deste homem. Isto é uma infâmia", afirmou, peremptório, o ex-Presidente da República Mário Soares que esta manhã se deslocou ao Estabelecimento Prisional de Évora para visitar José Sócrates. O ex-primeiro ministro está detido desde a madrugada de terça-feira.
Soares gostou "imenso de estar" com Sócrates, que "está com uma moral fantástica".
O líder histórico do PS disse ainda que os sentimentos estiveram à flor da pele durante a visita. "Ele ficou emocionado de eu cá estar, e eu de o ver. Somos grandes amigos".
Mário Soares afirmou que falou "de tudo" com Sócrates, para depois desfiar elogios ao amigo: "É uma grande figura", "é um homem digno. Nem sequer foi julgado e não pode ser tratado de determinada maneira".
Aos jornalistas, mostrou a crença que o amigo não é culpado: "Toda a gente acredita na inocência [de Sócrates]. Só você é que não acredita".
E, indignado, ainda perguntou: "O que é que ele fez?". Para depois responder à sua retórica: "É uma malandrice, é uma infâmia".
Sobre as implicações políticas, o fundador do PS diz que isto nada tem a ver com os "socialistas", mas com os "malandros que que estão a combater este homem".
Recado a Carlos Alexandre: "Acho isto muito estranho"
De seguida, desferiu um ataque à actuação da justiça neste caso, quando questionado sobre as razões que levaram Carlos Alexandre a manter o ex-primeiro-ministro em prisão preventiva.
Soares mandou um recado ao titular da investigação: "Diga a esse juiz que lhe mando dizer que acho isto muito estranho. Eu também sou jurista".
Devido à sua agenda, o histórico socialista pediu uma autorização especial para se deslocar ao Estabelecimento Prisional de Évora, pois às quarta-feiras as visitas são apenas para os detidos com prisão efectiva.
Antes de Soares, na terça-feira, Sócrates recebeu as primeiras visitas na cadeia da ex-mulher, Sofia Fava, e do ex-ministro da Agricultura e deputado europeu Capoulas Santos.
O ex-primeiro-ministro tornou-se o primeiro ex-líder de Governo da história da democracia portuguesa a ficar em prisão preventiva, indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção.
Depois de ter sido detido na sexta-feira à noite (dia 21), no aeroporto de Lisboa, quando regressava de Paris, José Sócrates começou a ser interrogado no domingo.
O Tribunal Central de Instrução Criminal decretou segunda-feira à noite a prisão preventiva de Sócrates, do seu motorista, João Perna, e do empresário Carlos Santos Silva por suspeitas de crime económicos.
[Notícia actualizada às 12h14]