O secretário-geral do PS, António Costa, afirmou esta terça-feira que este é o tempo da Justiça, quando questionado sobre a prisão preventiva do ex-primeiro-ministro José Sócrates.
"Nada disto penaliza e afecta as firmes convicções do PS quanto aos valores que são essenciais num Estado de direito democrático. A confiança nas instituições, a independência da justiça, a presunção da inocência, a prioridade ao combate à corrupção e a defesa da transparência são valores que não estão, nem nunca estarão afectados na vida do Partido Socialista", afirmou António Costa, numa declaração aos jornalistas, à margem da Assembleia Municipal de Lisboa.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates foi detido na sexta-feira à noite, no aeroporto de Lisboa, quando regressava de Paris. Na segunda-feira à noite, o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) decretou a prisão preventiva de José Sócrates, do seu motorista, João Perna, e do empresário Carlos Santos Silva por suspeitas de crime económicos.
Esta terça-feira, António Costa insistiu, várias vezes, que "este é o tempo da justiça". "É o tempo para deixarmos a Justiça fazer o seu trabalho – a acusação acusar, a defesa defender-se. Aquilo que nos cumpre a todos é confiar nas instituições, confiar que a justiça faça o seu trabalho e que a verdade seja apurada", afirmou.
O secretário-geral do PS e presidente da Câmara de Lisboa defendeu também que se deve "respeitar plenamente o funcionamento das instituições", algo "muito importante para fortalecer o regime e para reforçar a confiança nas instituições".
"Orgulho" no legado político
Quando questionado sobre se José Sócrates poderia ensombrar o futuro do PS, António Costa sublinhou que "há planos que são planos absolutamente distintos: aquilo que à justiça cabe julgar, outra coisa é a apreciação histórica que se faz do contributo de acções governativas".
"O trabalho da Justiça incide sobre um caso concreto, mas que em nada afecta o orgulho que devemos ter em programas como o Simplex, o Novas Oportunidades, a importância do Plano Tecnológico ou a importância de termos tido o défice mais baixo de sempre na democracia em 2007", referiu, dando exemplos de medidas da responsabilidade do Governo liderado por José Sócrates.
Para o secretário-geral do PS, "são juízos completamente distintos".
O PS tem agora, de acordo com Costa, "o peso da responsabilidade de se afirmar como oposição e de construir uma alternativa para a governação do país".
"É preciso separar muito claramente aquilo que são os sentimentos pessoas de cada um, aquilo que é o trabalho que a justiça tem que fazer e aquilo que é a actividade política. Num Estado de Direito é fundamental separarmos estes universos", defendeu.
[Notícia actualizada às 16h41]
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