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Análise

O abismo do Bloco

24 nov, 2014 • Eunice Lourenço

O Bloco que sai da Convenção, que decorreu em Lisboa, é ainda mais complicado do que o que entrou.

O abismo do Bloco
O fim-de-semana terminou com o pior resultado possível para o Bloco de Esquerda.

Depois de semanas de divisão interna e mesmo sabendo-se, pela eleição dos delegados à Convenção, que a luta ia ser renhida, esperava-se que da reunião deste fim-de-semana saísse um lado vencedor. Mas não isso que aconteceu e o Bloco que sai da convenção é ainda mais complicado do que o que entrou no pavilhão do Casal vistoso, em Lisboa, onde decorreu a reunião.

Esse estado de confusão interna resulta também das particularidades do Bloco, um partido nascido da fusão de outros partidos e de várias tendências.

A Convenção escolheu, de mão no ar, a moção de estratégia política e aí ganhou a actual direcção, mas por apenas oito votos. Mas a Convenção também elegeu a Mesa Nacional, que é o órgão directivo do Bloco e que escolhe a comissão politica e decide sobre a liderança ou coordenação, como os bloquistas preferem dizer. Para a Mesa Nacional houve um empate de votos entre a actual direcção, de João Semedo e Catarina Martins e a tendência liderada por Pedro Filipe Soares. Outras listas – como a de João Madeira, um dirigente que sujeitou a sua moção “Refundar o Bloco” a esta Convenção - , conseguiram eleger 11 membros que podem agora ser determinantes no futuro próximo.

Esse futuro será, em princípio decidido no domingo, na primeira reunião da mesa nacional eleita nesta convenção.

Para João Semedo e Catarina Martins, há uma vitória política na escolha da sua moção que agora ser reflectida nas decisões da mesa nacional. Mas a solução não será assim pacífica.

O fim do Bloco tal como o conhecemos parece inevitável, mas ainda poderá ser contido se os bloquistas conseguirem um consenso entre as duas vias, que pode passar por escolher uma terceira via, um outro coordenador que não seja nenhum dos que concorreram a esta convenção. Ou seguem por aí ou vai acentuar-se a velocidade da queda do Bloco para o abismo da irrelevância.