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Marcelo Rebelo de Sousa

António Costa ganha ou perde não estando no Parlamento? “Tem vantagens, mas é difícil”

21 nov, 2014

O comentador já viveu situação semelhante quando foi líder do PSD. À Renascença, dá conta do que espera António Costa a partir de sábado.

António Costa ganha ou perde não estando no Parlamento? “Tem vantagens, mas é difícil”

É fácil ou difícil ser líder partidário na oposição sem estar no Parlamento? Marcelo Rebelo de Sousa responde e "ajuda" António Costa que, a partir de sábado, vai ser oficialmente confrontado com esta situação.

Com as eleições directas que se realizam esta sexta e sábado - e como único candidato – será António Costa o novo secretário-geral do PS. Costa não é deputado e irá estar fora de todos os debates, como os quinzenais ou o Estado da Nação. A bancada socialista será defendida por Ferro Rodrigues.

Marcelo Rebelo de Sousa passou por esta mesma situação: foi líder do PSD entre 1996 e 1999, não era deputado e tinha como líder parlamentar Luís Marques Mendes.

À Renascença, Marcelo diz que na altura correu tudo bem, houve articulação perfeita com a bancada, mas não prevê o mesmo cenário para António Costa.

"Tem vantagens, mas é difícil. As grandes vantagens são as de preservar o líder da oposição porque, estando no Parlamento, ele é obrigado, sobretudo hoje em que há debates de 15 em 15 dias com o primeiro-ministro, a um esforço muito grande, a uma exposição muito grande. Quem tem feitio e oratória é uma coisa – o primeiro-ministro é um orador -, para quem não é um orador é mais complicado. Não ter que fazer um debate com essa frequência é positivo”, disse.

No entanto, considera que "tem um preço muito grande": "Estando no Parlamento há o acompanhamento do grupo parlamentar e há o sentir do que é fundamental no debate político no país. Não estando no Parlamento tem um duplo trabalho que é andar pelo país a fazer a sua missão e, por outro lado, ter sempre um líder parlamentar de total confiança e muito bom. Eu tive essa sorte: ter um líder parlamentar muito bom e de total confiança".

"Em relação a António Costa ele tem o líder que escolheu [Ferro Rodrigues], que não é um líder parlamentar clássico, não é um grande orador, não é um homem com perfil parlamentar, é mais um homem de gabinete, é mais um homem de acção e, portanto, António Costa, ao mesmo tempo que ganha por não ter que se confrontar com Passos Coelho, tem de permanentemente estar atento a que a mensagem que passa da parte de Ferro Rodrigues seja minimamente forte”, acrescenta.

Marcelo considera que Costa não pode correr o risco que o primeiro-ministro ganhe os debates no Parlamento porque está a ganhar cá fora e o partido está a perder no Parlamento”.

É isso que pode acontecer? "Pode acontecer porque Passos Coelho tem mais experiência e é mais orador que Ferro Rodrigues".