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Autarca do Porto defende descentralização urgente

20 nov, 2014

Rui Moreira, que considera que cada vez “o modelo de centralismo é mais exacerbado", lamenta promessa “sempre adiada".

Autarca do Porto defende descentralização urgente

O presidente da Câmara do Porto defende ser urgente descentralizar o país e contrariar a tendência do Estado central em ser cada vez "mais tentacular", à medida que vai perdendo poderes para a Europa e para os mercados.

"Precisamos urgentemente de descentralizar o país, é uma promessa que está sempre adiada", afirmou Rui Moreira à agência Lusa após a sua visita à Catalunha, onde se reuniu com o presidente do governo regional, Artur Mas.

O autarca assinalou que o adiamento do que está na Constituição "não é por culpa deste ou daquele governo", mas resulta de um "modelo que está instalado" e que precisa de "um safanão".

"Cada dia que passa, o modelo de centralismo é mais exacerbado", frisou Rui Moreira para quem é por isso que se desenvolvem fenómenos como o sucedido na Catalunha, com a consulta popular sobre a independência.

No Porto, Rui Moreira disse que a sua eleição para presidente da câmara "também representou de alguma maneira um safanão", na medida em que demonstrou como os cidadãos compreenderam que havia "alternativas de participação que não estavam a ser interpretadas devidamente pelos partidos políticos tradicionais e pelo estado".

Para o autarca do Porto, o Estado central "tenta ser mais tentacular" no país, por ausência do poder que tem vindo a perder para entidades como a União Europeia, a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu, os mercados, as grandes multinacionais e "até para poderes menos formais".

Acrescentou que os estados tradicionais europeus "têm perdido poder a montante e têm tentado recuperar esse poder através de modelos mais centralistas", o que leva a que cidades como o Porto ou regiões como a Catalunha "pretendam ter outro protagonismo".

E porque Barcelona é para o Porto "uma das cidades mais importantes em termos de relacionamento futuro", o que lá "está a acontecer, em termos de mobilização popular", pode "ser um exemplo".

"Temos que reclamar que o poder seja exercido, tanto quanto possível, próximo dos cidadãos", assinalou Rui Moreira que na Catalunha participou de um debate sobre `Smart Cities` e para quem Barcelona é uma cidade "absolutamente exemplar do ponto de vista do planeamento, da forma como tem gerido os seus mercados, comércio tradicional [e] turismo".