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Crise na Zona Euro ainda não passou, alerta António Costa

24 out, 2014

Candidato do PS a primeiro-ministro gostou de ouvir o novo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, apelar à moderação da austeridade.

O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, considerou, esta sexta-feira, que a crise da Zona Euro nunca será ultrapassada sem a correcção de assimetrias na origem da moeda única, num discurso em que criticou a corrente conservadora.

António Costa falava na sessão de abertura de uma conferência promovida pelo Grupo Socialista do Comité das Regiões do Parlamento Europeu, no Centro Cultural de Belém.

Na sua intervenção, Costa elogiou as mais recentes posições assumidas pelo sucessor de Durão Barroso no cargo de presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, designadamente, a favor de uma União Europeia portadora de um "triplo A" social e não apenas financeiro. Em contraponto, atacou a política de austeridade defendida pelo Governo de Berlim, assim como recentes medidas tomadas pela Grã-Bretanha ao nível da imigração.

"A resposta certa ao desafio que temos não é insistir na austeridade, nem limitar a liberdade de circulação. A resposta passa por garantir um sucesso partilhado na mobilidade entre os próprios migrantes, as regiões onde vão criar riqueza e as suas regiões de origem", advogou o candidato do PS a primeiro-ministro, para quem a resposta "passa sobretudo pela correcção de assimetrias que minam a coesão e acentuam, a divergência". 

Discursando antes do líder do Partido Socialista Europeu (PSE) no Comité das Regiões, o germânico Karl Heinz Lambert, o presidente da Câmara de Lisboa deixou vários avisos sobre as perspectivas financeiras e económicas da União Europeia a curto e médio prazo.

"Não podemos agora construir uma nova ilusão, baseada na verdade de conveniência, de que a crise da zona euro está ultrapassada, porque enquanto não corrigirmos os efeitos assimétricos com euro sobre a competitividade das nossas economias só estaremos a acentuar a divergência e a fragilizar a coesão. Temos de ir mesmo às causas da divergência e atacar na raiz o que mina a coesão", disse, já depois de ter políticas favoráveis a uma "união orçamental".

Na sua intervenção, o presidente da Câmara de Lisboa acentuou também os efeitos negativos a prazo que terá o fenómeno da emigração jovem qualificada proveniente dos países que estiveram sob assistência financeira.

"A consolidação desta tendência enfraquece estruturalmente o potencial de crescimento destes países, quer do ponto de vista demográfico, quer do ponto de vista das competências essenciais à melhoria da competitividade na sociedade do conhecimento. A manter-se esta tendência agravaremos as condições que nos conduziram ao início desta crise", advertiu o candidato socialista a primeiro-ministro.