Pateadas, "cabecita" e falta de "sanidade mental". Um dia no Parlamento

Um debate parlamentar sobre "fiscalidade verde" resvalou e transformou-se, esta quinta-feira, numa troca de galhardetes e de duras críticas sobre as regras de funcionamento da Assembleia da República.

Após uma intervenção do deputado José Luís Ferreira, de "Os Verdes", o PSD regressou a um discurso recorrente sobre a representatividade democrática do partido ecologista que, apesar de concorrer a eleições em coligação com o PCP, tem um grupo parlamentar distinto.

"'Os Verdes' nunca foram a votos, nem têm uma política exclusiva", disse o deputado social-democrata Jorge Paulo Oliveira, fazendo ainda referência ao facto de durante a intervenção de José Luís Ferreira ter sido o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, a "dar a táctica".  
  
O líder parlamentar comunista, João Oliveira, pediu a palavra para defender a honra da bancada, falando na falta de "sanidade mental" que se começava a verificar na bancada do PSD.

A expressão foi repudiada pelo líder parlamentar do PSD, que considerou que falar em "sanidade mental é uma vergonha". O verniz estalou e Luís Montenegro defendeu que é preciso mudar as regras de funcionamento das sessões.

"Os senhores deputados representam uma vontade popular inferior à daquela bancada ali do CDS-PP, mas juntos têm mais tempo, mais capacidade de iniciativa e o uso a dobrar de todos os instrumentos regimentais", atirou Luís Montenegro.

"É verdade que essa questão tem a anuência das outras bancadas, mas talvez o episódio de hoje nos deva forçar a fazer essa reflexão e a tomar as decisões condizentes, a adequar o funcionamento do Parlamento com a representação da vontade popular livre e democrática em eleições", defendeu o social-democrata.

O deputado José Luís Ferreira, d'"Os Verdes", não gostou e pediu ao PSD que não fizesse ameaças. "Nós temos concorrido dentro da lei e meta uma coisa nessa cabecita: não é o senhor deputado que decide a forma como Os Verdes participam nas eleições. Percebe?", declarou José Luís Ferreira.

No hemiciclo ouviram-se pateadas, de parte a parte, e a discussão sobre a "fiscalidade verde" acabou por ficar esquecida.