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Passos recusa fazer 'striptease' das suas contas bancárias

26 set, 2014

António José Seguro pede o levantamento do sigilo sobre as contas bancárias do primeiro-ministro, que afirmou ser uma "pessoa remediada".

Passos recusa fazer
O líder socialista pediu a Passos Coelho  que apresente as suas contas e que seja levantando o sigilo bancário, para que possam ser escrutinados os valores que deram entrada nas contas bancárias do então deputado. O primeiro-ministro recusou fazer um "striptease das contas bancárias" só porque "há um senhor que veio fazer umas insinuações".

O repto chegou pela boca de António José Seguro, secretário-geral do PS: o primeiro-ministro deveria levantar o sigilo das contas bancárias. Passos recusou terminantemente. Assegurou que não faz "striptease" das suas contas e não quer contribuir para o "deleite dos leitores de jornais".

"Trata-se de um direito que eu tenho, fundamental, da minha reserva pessoal. Se cada vez que alguém fizer insinuações eu tiver de fazer um 'striptease' das minhas contas bancárias para deleite dos leitores de jornais. Isso eu não faço", disse Pedro Passos Coelho, esta sexta-feira.

Já antes o primeiro-ministro garantiu ao Parlamento que "nunca", enquanto foi deputado, recebeu "qualquer valor da empresa Tecnoforma". Mas o secretário-geral do PS, António José Seguro, pediu o levantamento do sigilo bancário das contas de Passos Coelho.

Passos Coelho quis dissipar as dúvidas que, durante esta semana, se adensaram, em relação à remuneração que, alegadamente, recebera da empresa de formação Tecnoforma, entre 1997 e 1999, quando era deputado e que não teria declarado. Posteriormente, recebeu um subsídio de exclusividade de 60 mil euros pelo desempenho daquelas funções.

Apesar de negar ter auferido um vencimento fixo, que alguns meios de comunicação social precisaram que seria de cinco mil euros mês, com base numa denúncia anónima feita na Justiça, Passos admitiu que poderá ter recebido algumas verbas de "despesas de representação".

O líder do Executivo disse ainda não ter "outros rendimentos que não os auferidos" do seu trabalho. "Não tenho bens em nome de filhas ou sobrinhas. Sou uma pessoa remediada", sublinhou.

Passos Coelho qualificou de "mistificação" a ideia de que "tenha, durante anos consecutivos, acumulado rendimentos que ninguém conseguiria explicar sem evidência de uma alteração sensível quer do seu património quer dos seus estilos de vida".

O primeiro-ministro sugeriu ainda que a forma como decide possa "desagradar" a "pessoas com alguma influência" e desafiou quem está por trás das acusações sobre os seus rendimentos a apresentar provas.

O governante anunciou no parlamento que autorizará a divulgação de parte das suas declarações de IRS, referente aos seus rendimentos, mantendo sigilosa a parte relativa a outras pessoas do seu agregado familiar.

O discurso do primeiro-ministro foi muito aplaudido pela bancada da maioria, tendo, inclusivamente, sido ovacionado de pé, no final da primeira intervenção.

Seguro pede levantamento do sigilo bancário
Em resposta à declaração inicial de Passos, o líder do maior partido da oposição, António José Seguro, não se mostrou convencido com as explicações do primeiro-ministro e exigiu que todo o caso fosse investigado. Seguro criticou a opção de Passos por ter demorado uma semana a dar explicações sobre o caso.

Seguro pediu a Passos Coelho apresente as suas contas e que seja levantando o sigilo bancário, para que possam ser escrutinados os valores que deram entrada nas contas bancárias do então deputado.

O secretário-geral do PS sustentou o pedido argumentando que "a vida privada é de cada um, a vida pública é de todos".


[notícia actualizada às 12h12]