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Confiança dos consumidores é a “culpada” da subida das importações

09 set, 2014

Ministra das Finanças não receia que a reforma estrutural da economia esteja em risco. Porquê? É apenas uma situação momentânea em que os consumidores estão mais confiantes do que os empresários.

Confiança dos consumidores é a “culpada” da subida das importações

Esta terça-feira no Parlamento, a ministra das Finanças acompanhada pelo vice-primeiro ministro, Paulo Portas, em plenário na comissão para o acompanhamento das medidas do programa de assistência financeira, disse que o aumento das importações no segundo trimestre do ano não a deixa preocupada.

Maria Luís Albuquerque não teme que a inversão do "novo ciclo", que o Governo tem defendido, e que reside no incitamento do crescimento da exportações e decréscimo das importações e do endividamento.

A ministra tem uma justificação para os resultados até Junho que mostram que as importações estão a crescer o dobro das importações. Maria Luís não disse se o fenómeno é momentâneo, mas acredita que não é estrutural. E põe-lhe um rótulo: o da confiança. Esta progrediu mais rápido no mercado interno.

“Tivemos um aumento de importações em grande parte para consumo. Isso não significa que o ajustamento estrutural não esteja a acontecer”, salientou.

“Significa que a confiança dos consumidores avançou um pouco mais depressa do que a dos empresários e dependem menos da confiança externa do que os empresários”, disse de governante.

Maria Luís afirmou que esse aumento se deve ao facto de os consumidores estarem agora a fazer investimentos de que se retraíram por medo da crise. E este aumento de consumo se faz sem recurso a crédito. “Um dos elementos que poderia ser muito preocupante neste crescimento do consumo privado era se estivéssemos a assistir a um crescimento do crédito ao consumo”, defendeu.
 
“Porque isso é insustentável. O abalo que houve nos consumidores pela entrada no programa levou a que a taxa de poupança tivesse aumentado muito significativamente e que muitas decisões de compra de bens de consumo duradouros, como os automóveis ou electrodomésticos, fossem adiadas”, explica.

“Não está tudo resolvido”
A ministra das Finanças reafirmou no Parlamento que apesar da conclusão do "período de emergência", durante os últimos três anos, o país continua a ter "muitos desafios pela frente" para reduzir a dívida e o défice públicos.

"Continuamos a ter muitos desafios pela frente: continuamos a estar numa situação de défice excessivo ainda este ano, temos uma dívida elevada. Isso pede continuidade do esforço, não com a mesma intensidade que teve nos últimos três anos, a fase de emergência já está ultrapassada. Mas isso não significa que esteja tudo resolvido", afirmou Maria Luís Albuquerque.

A ministra e o vice-primeiro-ministro estão a ser ouvidos esta manhã na comissão de acompanhamento das medidas da 'troika', para fazer um balanço do programa de assistência externa, concluído em maio.

Paulo Portas disse ainda que, depois do ciclo da 'troika', Portugal vive "como parceiro europeu sob as regras do Tratado Orçamental" e está ainda em procedimento de défices excessivos.

Do lado da oposição, o PS iniciou a ronda de questões aos membros do Governo questionando se "valeria a pena empurrar o país para esta tragédia", concluindo que os indicadores demonstram que "não valeu a pena destruir 400.000 postos de trabalho, nem assaltar o pote".

Na resposta, o vice-primeiro-ministro disse ter ficado "estarrecido" com a interrogação do socialista Pedro Marques, e criticou a "amnésia absoluta" e o "denial [negação]" do deputado: "Quem duplicou o valor da dívida em poucos anos foi o PS".