Abrir a porta a candidaturas independentes, para permitir aos eleitores elegerem directamente os deputados, sejam ou não apoiados por partidos políticos, é uma das propostas já formalizadas por um grupo de 30 personalidades, num manifesto que tenta promover reformas no sistema político e eleitoral.
“Este não é um manifesto contra os partidos. Nós queremos é pôr os partidos a trabalhar melhor e a atrair os melhores para a causa pública”, explica à
Renascença o economista Luís Campos e Cunha.
Para o ex-ministro das Finanças, a reforma do sistema eleitoral é importante “porque os eleitores não estão só a escolher um programa ideológico, mas também as pessoas que os vão representar".
"Assim, os partidos têm necessidade de apresentar pessoas com maior credibilidade com melhor currículo”, enfatiza.
Campos e Cunha é um dos 30 subscritores do
manifesto. No grupo, há pessoas de diferentes zonas do espectro político-partidário e também independentes, dque defendem uma reforma urgente do sistema eleitoral e mais transparência no financiamento dos partidos.
Para evitar que muitos políticos “sejam capturados pelos interesses privados dos grandes grupos económicos”, e acabem por, uma vez ganhas as eleições, “distorcer as políticas públicas ao nível do Governo”, o dinheiro a gerir pelos partidos deve resultar de um financiamento público.
“Sai muito mais barato ao país auditar as contas dos partidos para campanhas eleitorais para Assembleia da República, e também o financiamento das campanhas internas, do que deixarmos, como tem sido tradição, a porta aberta para que a influência dos interesses tome conta dos partidos”, sublinha Campos e Cunha.
O documento, intitulado "Por uma Democracia de Qualidade", foi apresentado a 27 de Agosto e é assinado por personalidades com ligações ao PS, ao PSD ou ao CDS. Entre os subscritores conta-se também o deputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro.