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A educação que se "abandalhou" e a "mediocridade" dos políticos na mira de Jardim

17 ago, 2014

A educação "abandalhou-se". A "solidariedade europeia não funcionou". Os tribunais "julgam pela cara do freguês". Foram muitos os alvos no discurso de Alberto João Jardim na "rentrée" do PSD/Madeira.

Alberto João Jardim diz que a "mediocridade" da classe política deve-se à educação do pós-25 de Abril, que se "abandalhou".

"Portugal chegou a esta situação e isto tem uma explicação. […] A diferença que vejo entre os primeiros políticos, em todos os partidos sem excepção logo a seguir ao 25 de Abril, é a mediocridade passados 20 anos", disse o líder do PSD/Madeira, sábado à noite, no discurso de "rentrée" do partido. Porquê? Porque "se abandalhou a educação".

Alberto João Jardim falava no comício de verão do PSD/Madeira, na ilha do Porto Santo, discursando no largo em frente à câmara municipal da ilha, agora governada pelo PS, e do centro de congressos, durante mais de 40 minutos.

Hoje temos em todos os partidos a actuar políticos que já são produto do ensino do pós-25 de Abril, que estão mal preparados, não têm capacidade para enfrentar os problemas do país", acrescentou o também presidente do Governo Regional da Madeira naquela que deverá ser a sua última participação neste comício de "rentrée" do PSD/M nesta ilha.

"A União Europeia onde está?"
Jardim falou ainda da situação de crise vivida em vários países, referindo que na origem do "descalabro dos países mais pobres da Europa" está a especulação financeira do grande capitalismo.

Para o governante, "a solidariedade europeia não funcionou", tendo as soluções sido pensadas de "forma desumanizada", sublinhando que "uma nação e um país não é um livro de contabilidade, são pessoas" que têm de enfrentar problemas.

"A União Europeia onde está? É uma fractura entre países devedores e credores", disse o dirigente do PSD/M, sustentando que "nem a Europa tinha direito de ser tão dura na imposição" da austeridade a Portugal.

A "revolução" a fazer
Jardim considerou ainda que "a crise não é apenas económica e financeira", vincando que "é também de ética, de educação, da justiça, do domínio das sociedades secretas portuguesas, que resulta do situacionismo".

Entre outros aspectos, argumentou que "a revolução que também é preciso fazer em Portugal" consiste em "acabar com este sistema de ensino podre e voltar a ter um sistema de ensino que faça de Portugal" um país "capaz de, com sua bagagem cultural e conhecimentos científicos, estar nos mercados internacionais e impor-se no mundo de hoje".

No caso da justiça, Jardim censurou "os tribunais que julgam pela cara do freguês", afirmando que "a justiça está politizada", e referiu que "reduzir nos custos e cortar nos tribunais não é reformas nenhuma".

Alberto João Jardim insistiu na necessidade da revisão constitucional e voltou a explicar que a Madeira teve de fazer dívida para se desenvolver.

"Não desistam, votem, não se deixem influenciar… não se deixem enganar, votem sempre, não deixem de lutar, porque a luta continua", instou o líder social-democrata madeirense.