O Bloco de Esquerda
tinha pedido ao primeiro-ministro para interromper as férias e dar explicações no Parlamento sobre o Banco Espírito Santo. Passos Coelho só parou as férias para participar na tradicional festa de "rentrée" do PSD e o Bloco não gostou do que ouviu.
"Pedro Passos Coelho desta vez interrompeu as férias mas para animar um comício partidário. Abriu a campanha eleitoral e começou por mentir aos portugueses", afirmou o membro da Comissão Política do BE Pedro Soares, no Porto, reagindo às declarações do primeiro-ministro, na sexta-feira, na festa do PSD no Pontal.
Segundo Pedro Soares, Passos "falou de uma economia que não existe". Mais: "disse-se empenhado em combater os privilégios quando todos nós sabemos que injectou milhares de milhões de euros num banco com graves problemas provocados pela ganância dos seus administradores, mentiu sobre a Segurança Social, tentou lançar jovens contra reformados, filhos contra pais, quando todos nós sabemos que a sua política, a política deste Governo, tem sido contra uns e contra outros".
"Em relação a uns manda-os emigrar e afunda-os na precariedade, em relação a outros tudo faz para cortar nas suas reformas e pensões", sustentou o bloquista.
O BE entende que Passos Coelho demonstrou que agora "só tem uma preocupação: é posicionar-se, é preparar-se para as legislativas de 2015, é criar a ilusão aos portugueses de que está tudo bem. E só o pode fazer mentindo".
Uma "estranha" equidade
Afirmando que o primeiro-ministro "evitou falar" sobre o acórdão do Tribunal Constitucional divulgado na quinta-feira sobre cortes salariais no sector público, Pedro Soares considera que Passos Coelho "tem uma estranha forma de ver a equidade".
Para o primeiro-ministro "equidade significa retirar direitos, significa nivelar pelo mínimo, ficar ao nível próximo do que é asiático [quanto] aos direitos do trabalho e dos trabalhadores", acusa o dirigente bloquista.
Na opinião do BE, a reforma do sistema "não pode ser um argumento para retirar condições de vida e condições de trabalho aos portugueses" e o Governo devia preocupar-se com outra reforma: a do sistema financeira, que "esse sim é o que tem trazido Portugal à situação que estamos a viver".
Sobre o desafio que Passos Coelho lançou na sexta-feira ao PS para firmar uma reforma da Segurança Social antes das eleições de 2015, que tenha também o "contributo dos socialistas", Pedro Soares diz que o BE "nunca poderá estar de acordo com o caderno de encargos" dessa reforma, que "pretende retirar direitos".
Passos Coelho procurou "desafiar o partido de alternância e procura ganhar posição na disputa eleitoral. Como é obvio, não é isso que interessa aos portugueses", concluiu.
[notícia actualizada às 16h05]