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Situação interna leva Passos a adiar anúncio de comissário

01 ago, 2014 • Eunice Lourenço e Paula Caeiro Varela

Maria Luís Albuquerque pode garantir alto cargo em Bruxelas, mas primeiro-ministro hesita entre a Europa e Portugal.

Situação interna leva Passos a adiar anúncio de comissário

O primeiro-ministro ainda está a ponderar o nome do comissário ou comissária português, pesando prós e contras da escolha de Maria Luís Albuquerque. A indicação da ministra das Finanças, muito bem vista em Bruxelas, pode garantir a Portugal uma pasta importante na Comissão Europeia, mas tem implicações internas que levaram Pedro Passos Coelho a adiar o anúncio da decisão que chegou a ser prometida para esta quinta-feira.

Ao contrário das indicações que foram dadas durante o dia, a Renascença sabe que até esta noite continuava tudo ainda a ser negociado com o presidente eleito da Comissão, Jean-Claude Juncker. A conversa telefónica entre Passos e Juncker não fechou a questão, pelo contrário fez o primeiro-ministro repensar o que está em causa.

A decisão de Passos será entre garantir um lugar mais importante em Bruxelas para Portugal se indicar a sua ministra das Finanças ou assegurar a estabilidade interna, numa altura-chave. A proximidade do Orçamento do Estado para 2015, a necessidade de assegurar o cumprimento da meta orçamental do ano corrente e a reforma fiscal em curso são problemas que o fazem hesitar.

A isto acresce o caso BES, que está a fragilizar o sistema financeiro português e a comprometer o crescimento económico, como o Governo já de resto reconheceu. A preocupação com este caso tem aumentado dia-a-dia, ao contrário do que o próprio executivo esperava.

No conselho de ministros desta quinta-feira, garantiram à Renascença várias fontes do executivo, Passos Coelho não falou em nomes. Pediu aos ministros para confiarem na sua decisão, que tem sido permanentemente acompanhada de conversas com o Presidente da República.

O primeiro-ministro tem sido aconselhado a ter moderação e ter em atenção que estão várias coisas em jogo. E também que o jogo ainda não está fechado em Bruxelas e a Comissão está ela própria em construção. 

A possibilidade de Maria Luís Albuquerque ir para Bruxelas encontra resistências sobretudo no CDS. Apesar de há um ano Paulo Portas não ter aceitado a escolha de Passos para as Finanças, fontes centristas disseram à Renascença que a ministra tem tido um desempenho superior às expectativas e que uma eventual saída fragiliza o Governo.