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Paulo Portas anuncia fim da "espiral depressiva"

06 mai, 2014

Vice-primeiro-ministro, em entrevista à Renascença, fala do fim do programa de ajustamento e da carta de intenções ao FMI.

Paulo Portas anuncia fim da "espiral depressiva"
A "espiral depressiva" causada pelo programa da "troika" acabou, afirma o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas. Os três anos de programa da "troika" chegam ao fim no dia 17 de Maio. O vice-primeiro-ministro afirma que Portugal "não pode voltar à irresponsabilidade" nem a repetir os erros do passado, mas vai voltar a ser um país "normal". Sobre as eleições europeias de 25 de Maio, Portas argumenta que nunca teve “uma fé exagerada nas sondagens” e que as desmentiu “várias vezes pelos factos”.

A "espiral depressiva" causada pelo programa da "troika" terminou e a carta de intenções que o Governo vai escrever ao Fundo Monetário Internacional (FMI) "reflecte aquilo que as pessoas já conhecem", garante o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença.

"De cada vez que havia uma missão da troika, uma avaliação, um relatório, criava-se um ambiente, muito alimentado pela comunicação social, a que eu chamo, com ironia, espiral depressiva, era uma angústia antecipada, as pessoas achavam que vinha aí mais e mais. Isso termina”, defende Paulo Portas.

Os três anos de programa da "troika" chegam ao fim no dia 17 de Maio. O vice-primeiro-ministro afirma que Portugal "não pode voltar à irresponsabilidade" nem a repetir os erros do passado, mas vai voltar a ser um país "normal".

“A vida das pessoas não muda a instantaneamente de um dia para o outro. No dia 17 de Maio, politicamente muda uma coisa muito importante para todos nós, enquanto nação. Num resgate o Estado é obrigado a negociar com os seus credores as leis que submete depois ao Parlamento. Isto não é viver em situação normal em termos democráticos. Foi a isso que chamei co-Governo com os credores. Digo, com muito orgulho, que isto muda a partir de 17 de Maio”, sublinha o governante.

Carta ao FMI "reflecte aquilo que as pessoas já conhecem"
Em relação à carta de intenções ao FMI para marcar o fim do programa de ajustamento, o "número dois" do Governo assegura que "reflecte aquilo que as pessoas já conhecem". O documento ainda não está finalizado, mas vai ser constituído pelo Documento de Estratégia Orçamental (DEO) e pelos compromissos da 12ª e última avaliação da "troika", explica.

Paulo Portas diz que os procedimentos do FMI levam a que a carta de intenções não seja conhecida nesta fase, como exige o Partido Socialista, só depois de ser aprovada, em Junho, pela administração do Fundo Monetário Internacional.

“O Partido Socialista, se tivesse aceite até às últimas consequências, o compromisso nacional que o Presidente da República pediu, teria estado a negociar as últimas avaliações connosco junto da troika, saberia tudo o que se lá passava. Agora, não querer estar dentro e depois queixar-se, aparentemente, de estar fora, isso é que já não me parece justo”, afirma o líder do CDS, que acusa o PS de optar pelo caminho da "quezília". 

Nesta entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença, Paulo Portas admite que "ainda falta fazer uma reforma na segurança social, para o futuro. Tem a ver com os jovens, com os que vão entrar no mercado de trabalho ou têm carreiras contributivas muito curtas". Mas acredita que Portugal está perto de chegar a um nível de crescimento económico que permitirá fazer o chamado ‘plafonamento’ da segurança social.

Portas defende Passos e desvaloriza sondagens
Paulo Portas sai em defesa do primeiro-ministro, quando Pedro Passos Coelho garantiu que os impostos não iam aumentar e, dias depois, o IVA sofreu um agravamento. “Penso que o primeiro-ministro referia-se às medidas do Documento de Estratégia Orçamental (DEO), que são essencialmente do lado da despesa”, afirma o número dois do Governo. "Outra coisa diferente era questão desta medida duradoura relativamente às pensões", sublinha.

Sobre as eleições europeias de 25 de Maio, o “número dois” da coligação argumenta que nunca teve “uma fé exagerada nas sondagens” e que as desmentiu “várias vezes pelos factos”.

“A única coisa que eu acho que também estará presente na cabeça das pessoas é isto: nós vamos dar um sinal a quem trouxe o problema e, aparentemente, ainda não meditou sobre o que aconteceu em 2011 e que causou estes três anos ou vamos, apesar de tudo, dar um sinal, com todas as dificuldades, erros de percurso, a quem recebeu o encargo de procurar resolver o problema e conseguiu terminar, do ponto de vista institucional, o programa da troika”, refere Paulo Portas.

Depois da crise do Verão passado em que chegou a apresentar a demissão, Paulo Portas acredita que “esta coligação será a primeira na história democrática portuguesa a completar o seu mandato”.

“Haver coligação significa que há mais do que uma opinião, procura de um compromisso. Pois se eu acho que é preciso fazer um compromisso com os três partidos do arco da governabilidade, quanto mais dentro de uma maioria”, salienta o vice-primeiro-ministro em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença.