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Freitas do Amaral quer “voto obrigatório”

04 abr, 2014

Fundador do CDS defende esta ideia, pelo menos, para as legislativas.

Freitas do Amaral quer “voto obrigatório”

O fundador do CDS Diogo Freitas do Amaral defende a aplicação do "voto obrigatório" como forma de eliminar a abstenção e até de motivar os jovens a participar na vida cívica e política portuguesa.

"Se a abstenção cresce não seria de estabelecer o voto obrigatório, pelo menos nas legislativas? Posso ter mais dúvidas nos restantes actos eleitorais, mas considero que todos os portugueses com direito ao voto deveriam ter de exercê-lo pelo menos nas legislativas", disse o também ex-candidato presidencial e ministro dos Negócios Estrangeiros num Governo do PS.

Freitas do Amaral falava, na Covilhã, à margem de uma conferência que proferiu sobre as "Funções Visíveis e Invisíveis da ONU", uma iniciativa organizada pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior.

Em resposta à questão de como seria possível voltar a motivar os jovens para a vida social e política, o co-fundador do CDS apontou o voto obrigatório como uma solução, e sublinhou que não a considera antidemocrática.

"Não tem nada de antidemocrático. Se a vacinação e o seguro automóvel são obrigatórios em Portugal por que é que o voto, que define o que vai ser o nosso país, não pode ser obrigatório?", questionou.

Por acreditar que os cadernos eleitorais estão desactualizados, o ex-ministro também ressalvou que não acredita que os níveis de abstenção sejam tão elevados como os que são revelados oficialmente, mas assumiu que acha que o voto obrigatório poderia contribuir para inverter "o crescente desinteresse que os cidadãos demonstram relativamente às decisões que definem o futuro do país".

"Permitiria eliminar a abstenção e fazer com que todos os cidadãos se sentissem igualmente conscientes de que o seu voto é decisivo para a orientação política do país. Por outro lado, contribuiria para aumentar a participação daqueles que se vão afastando, permitiria ainda reduzir a taxa de abstenção com que Portugal surge nas estatísticas internacionais relativas ao interesse dos cidadãos pela política.

Entre as vantagens que enumerou, Freitas do Amaral referiu a da possibilidade de renovação do sistema político português.

"Tendo em conta que a abstenção é, à partida, dos que estão descontentes, então fazê-los votar podia contribuir para que todos se responsabilizassem e, eventualmente, para que surgissem novos partidos, novas sugestões, novas alianças e portanto renovar o nosso sistema político", fundamentou.