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João Cravinho acusa Durão de “grave abuso de poder”

29 mar, 2014

Para o signatário da petição sobre a reestruturação da dívida, a discussão na Assembleia da República credibiliza o Governo e prestigia a Assembleia da República.

João Cravinho acusa Durão de “grave abuso de poder”
O socialista João Cravinho confirma à Renascença a existência de uma petição para levar ao parlamento os temas do “Manifesto dos 70”.

Cravinho, um dos principais signatários da petição, admite que, com a possibilidade de uma deliberação do Parlamento nesse sentido, sairia reforçada a capacidade negocial portuguesa.

O manifesto, que agora toma a forma de petição, intitulada “Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente”, mereceu duras críticas de Durão Barroso.

Em entrevista à SIC e ao “Expresso”, o Presidente da Comissão Europeia afirmou que foi “um erro falar em reestruturação” da dívida e que houve uma intenção clara de embaraçar o Governo.

As palavras de Durão deixam João Cravinho incomodado. O socialista diz que Barroso contradiz-se a si próprio e incorre na violação dos seus deveres ao imiscuir-se nos problemas nacionais: “Acho muito estranho por duas razões. Primeiro porque contradiz-se. Nomeou um grupo de trabalho de altos peritos para apresentarem uma proposta de amortização da dívida excessiva. Essa comissão vai apresentar o seu relatório na próxima semana. Agora vem dizer que não se deve discutir? Brada aos céus.”

“Ele é presidente da Comissão e [está], por isso, obrigado a não interferir nos processos internos de cada país. Como presidente da Comissão está a violar gravemente os seus poderes", diz o ex-ministro.

Cravinho diz que o processo beneficia tanto o Governo como a Assembleia da República.  “O Governo sai reforçado para negociar se tiver um mandato, o apoio da Assembleia da República e a Assembleia da República prestigia-se discutindo seriamente os problemas nacionais. Conjugam-se duas coisas, o prestígio das instituições democráticas e o Governo reforça a sua posição porque diz que está a representar o interesse dos portugueses", defende.

A petição foi colocado sábado à noite "online". São necessárias cinco mil assinaturas para que possa chegar à Assembleia da República.