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Governante português defende que Alemanha precisa de reformas estruturais

11 mar, 2014

"Parece-me claro que, sobretudo no sector dos serviços, há muitas reformas que a Alemanha precisa de fazer", afirma o secretário de Estado Bruno Maçães.

A Alemanha precisa de realizar "muitas das reformas estruturais" que Portugal fez recentemente, para aumentar a competitividade ao nível dos serviços, afirmou esta terça-feira, em Berlim, o secretário de Estado português dos Assuntos Europeus.  

"Todos sabemos a força do sector industrial alemão", com empresas "extremamente competitivas nos mercados globais e extremamente inovadoras", mas o sector dos serviços "não é competitivo do mesmo modo", afirmou Bruno Maçães no encerramento do II Fórum Luso-Alemão.

"Parece-me claro que, sobretudo no sector dos serviços, há muitas reformas que a Alemanha precisa de fazer", defendeu o governante, em declarações à agência Lusa. 
 
Bruno Maçães, que viveu na Alemanha durante quatro anos, apontou como exemplos "as barreiras à entrada de novos competidores, a resistência à concorrência, os obstáculos de regulação, a fraca produtividade de firmas de advogados e farmácias".     
 
"Isso cria desequilíbrios na economia alemã e na economia europeia", afirmou o secretário de Estado, que na sua intervenção salientou que este assunto não diz respeito apenas à Alemanha.  
 
"Um sector de serviços mais aberto e competitivo teria mais investimento, mais empresas novas, o que levaria os trabalhadores menos qualificados do sector industrial a mover-se para o sector dos serviços. O sector industrial alemão subiria na cadeia de valor e países como Portugal teriam oportunidades em actividades onde a indústria alemã deixaria de operar. A produtividade subiria na Alemanha e em Portugal", salientou.   

"Não acredito em Estados que vivem separados na sua soberania"
Para o responsável pela pasta dos Assuntos Europeus, os Estados-membros da União Europeia deveriam criar um "espaço de comunicação livre e aberto", em que as políticas públicas “estejam em consideração”.

"Eu não acredito num Estado comum europeu nem em Estados que vivem separados na sua soberania", refere Bruno Maçães. 
 
O mecanismo proposto pelo governante pretende "garantir que a reforma estrutural da economia europeia é feita em conjunto", considerando que a "crítica construtiva e honesta" e a "aprendizagem com outros exemplos" deveriam fazer parte do normal funcionamento da União. 
 
O secretário de Estado defendeu a necessidade de "adoptar uma lógica preventiva: até agora, as reformas estruturais são feitas numa situação de emergência ou então são adiadas permanentemente". 
 
Por outro lado, há que resolver o "problema político", reduzindo "os custos das reformas no curto prazo e garantir que as vantagens não existam apenas no longo prazo, para além do ciclo eleitoral". 
 
Por fim, o novo mecanismo "tem de funcionar numa lógica de responsabilidade colectiva", afirmou, argumentando que "os custos têm de ser partilhados porque as vantagens, numa economia integrada, serão partilhadas".