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Personalidades da esquerda à direita pedem reestruturação da dívida

11 mar, 2014

Manuela Ferreira Leite, Francisco Louçã, João Cravinho e Adriano Moreira são algumas das individualidades que assinam o manifesto contra a austeridade pela austeridade e “para que haja futuro sem repetir os erros do passado”.

Personalidades da esquerda à direita pedem reestruturação da dívida
Da esquerda à direita, são 70 as personalidades que apelam, num manifesto, à reestruturação da dívida. A dois meses do final do programa de ajustamento financeiro, várias figuras de relevo e de diferentes quadrantes políticos defendem a reestruturação responsável da dívida.

O teor documento é antecipado esta terça-feira pelo jornal “Público”, segundo o qual o documento inclui as assinaturas de personalidades como Adriano Moreira, Bagão Félix Manuela Ferreira Leite, João Cravinho, Carvalho da Silva, Francisco Louçã, Ferro Rodrigues e Manuela Arcanjo.

O manifesto visa “apelar à preparação da reestruturação responsável da dívida para crescer sustentadamente, para criar emprego, para que haja futuro, em vez de estarmos a repetir do passado e de, em austeridade em austeridade, estarmos cada vez pior”, indica à Renascença, João Cravinho, o principal promotor do documento.

O antigo eurodeputado socialista acrescenta que o destinatário do manifesto é a opinião pública em geral, mas também os principais órgãos de soberania, incluindo o Presidente da República.

João Cravinho reconhece que o documento “tem uma abrangência do ponto de vista do arco de opiniões como nunca houve nenhum outro em Portugal, nas últimas décadas”.

“Isso é um grande valor cívico de realçar, porque demonstra que é possível fazer consensos em questões absolutamente decisivas para o nosso futuro e, em segundo, que há alternativa”, destaca ainda.

No manifesto, as 70 personalidades defendem que, sem a reestruturação da dívida, vai continuar a imperar a política da austeridade pela austeridade, impeditiva da criação de emprego. E consideram insustentável o actual valor da dívida pública. No final do ano passado, o rácio rondava os 130% do PIB.

Sem a reestruturação, vaticinam, o Estado vai continuar enredado na vã tentativa de resolver os problemas pela via única da austeridade, situação que vai conduzir à degradação dos serviços do Estado, à queda da procura, ao aumento do desemprego e ao definhamento económico.

“A dívida pública tornar-se-á insustentável na ausência de crescimento duradouro significativo”, conclui o manifesto.

Os subscritores do documento sublinham ainda que reestruturar a dívida não é sinónimo de não a pagar – e apelam, por isso, a uma “reestruturação responsável” – e recordam que também a Alemanha beneficiou de um perdão e de uma restruturação da dívida no período pós-guerra.