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Três pessoas expulsas do Parlamento por protestarem contra Governo

05 mar, 2014

Foi a terceira expulsão para Ivo Margarido, que perguntou directamente a Passos Coelho: "Como se atreve a usar a palavra transparência?". Outros dois cidadãos foram retirados das galerias.

Três pessoas expulsas do Parlamento por protestarem contra Governo
O empresário leiriense Ivo Margarido, constituído arguido por protestos nas galerias do Parlamento, voltou a interromper o plenário da Assembleia da República, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, esta quarta-feira, tendo sido retirado pela polícia.

Imediatamente após o protesto, um outro cidadão insurgiu-se contra o sucedido e gritou contra a acção policial e às opções políticas do executivo da maioria PSD/CDS-PP, liderado por Passos Coelho e Paulo Portas.

“Puseram o homem na rua, mas ele tem razão. Este Governo está a roubar o povo e o país”, afirmou o segundo contestatário.

Cerca de 15 minutos mais tarde um terceiro homem foi removido das galerias, também por começar a gritar em protesto contra o Governo.

Ivo Margarido perguntou directamente ao chefe do Governo: “Como se atreve a usar a palavra transparência”, acusando-o de estar a “patrocinar o sistema bancário”.

A Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, pediu aos agentes policiais para retirarem aquelas pessoas do hemiciclo antes de retomar a ordem das intervenções: “As pessoas, nas galerias, têm que aprender a respeitar o seu Parlamento. É o seu Parlamento”, disse.

O cidadão leiriense já tinha feito o líder do executivo parar de discursar noutros dois debates (Maio e Junho de 2013), mas o Ministério Público decidiu arquivar os processos de inquérito em Janeiro pelos crimes de coacção contra órgãos constitucionais e perturbação do funcionamento de órgão constitucional.

Tais crimes, em caso de condenação, têm penas previstas de um a oito anos de prisão e de até três anos, respectivamente.

Longa lista de protestos
A presente legislatura tem sido fértil em momentos de protesto no Parlamento.  A 15 de Fevereiro desse ano, cerca de 30 elementos do "Movimento que se Lixe a Troika" começaram a cantar "Grândola Vila Morena", interrompendo o discurso do primeiro-ministro.

Três meses depois, a 3 de Maio, a música de Zeca Afonso voltou a ouvir-se nas galerias, desta vez pela voz de dezenas de reformados, depois de ter sido discutida uma petição pelo aumento das pensões.

A 24 de Maio, um cidadão interrompeu por breves instantes o debate em protesto contra o alegado incumprimento da Constituição pelo Governo. A cena levou a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, a pedir ao homem para se "acalmar".

Já a 11 de Julho, os trabalhos foram interrompidos durante largos minutos devido a protestos de populares que se encontravam nas galerias. Os manifestantes contestaram as novas medidas para os trabalhadores do Estado e pediram a demissão do Governo.

Com um tom menos agressivo, a 30 de Julho, em total silêncio, algumas pessoas que assistiram ao debate levantaram-se e permaneceram de pé, com narizes encarnados, de palhaço, colocados na cara. Os elementos da polícia presentes no local apressaram-se a retirar os narizes encarnados, sem resistência, e os manifestantes foram escoltados para fora do Parlamento.

Em Novembro de 2013 um protesto silencioso, com os manifestantes a erguer cartazes onde se lia "trabalhar até morrer", interrompeu os trabalhos.

São apenas alguns episódios que têm acontecido nas galerias da Assembleia contra as medidas de austeridade do Governo.