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Daniel Bessa e António Capucho defendem eleições antecipadas

03 jul, 2013

Ex-ministro do PS prevê a necessidade de um novo acordo com a “troika” e antigo líder social-democrata critica a forma como esta crise política está a ser gerida.

O economista Daniel Bessa diz que a única saída para esta crise política passa por eleições antecipadas. Em declarações à Renascença, o antigo ministro da Economia do Governo socialista rejeitou falar num segundo resgate, mas garante que a “troika” vai exigir a assinatura de um novo acordo, que tem de ser feito antes das eleições.

“Estamos na eminência de um novo acordo, isso no mínimo. Porque as entidades internacionais não vão pôr aqui a parte que lhes cabe, o financiamento que lhes falta. Isso não entra aqui sem, no mínimo, toda a gente ser chamada a assinar um segundo acordo”, considera Daniel Bessa.

Também o antigo líder social-democrata António Capucho defende que o Presidente da República deve convocar eleições antecipadas. À Renascença, diz que não ficou surpreendido com as demissões de Vítor Gaspar e Paulo Portas, mas deixa críticas à forma como esta crise política está a ser gerida.

O também ex-presidente da câmara de Cascais acusa Passos Coelho de estar agarrado ao poder e só entende a atitude do primeiro-ministro como uma estratégia partidária.

“A estabilidade não é um fim em si mesmo e, por outro lado, o Governo garante-nos que a situação financeira do país e as necessidades de financiamento estão controladas pelo menos até ao final do ano e muito provavelmente até meados do ano que vem”, começa por dizer.

“Não é nenhum drama, drama é o país e a situação em que estes governantes deixam o país”, aponta António Capucho.

O social-democrata diz que o primeiro-ministro deixou de pensar no interesse do país e espera, por isso, que o PSD escolha um novo líder, para não dar o poder de bandeja ao partido socialista. “Tudo isto é feito de uma forma em que se despreza os interesses nacionais e se actua como um bando de garotos, autenticamente”, critica.

António Capucho diz ainda que o PSD está em dissolução e espera que o partido encontre rapidamente alternativas. Rui Rio, o presidente da câmara do Porto, é nesta altura a melhor opção para ser candidato a primeiro-ministro, defende.

O Presidente da República vai receber na quinta-feira o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na sequência do pedido de demissão apresentado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.

A demissão resultou, entre outros factores, da demissão do ministro das Finanças Vítor Gaspar e da subsequente nomeação da agora ex-secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, para o cargo.

Depois de Passos Coelho, Cavaco Silva vai reunir em Belém com os partidos que têm assento parlamentar.