Cavaco recomenda moção de censura a quem está insatisfeito com o Governo
02 jul, 2013 • Filipe d'Avillez
Presidente diz que não se vai envolver em processos para derrubar o Executivo de Passos Coelho. Quanto à sucessora de Vítor Gaspar, afirma que recebeu garantias absolutas de que "sobre ela não pende qualquer coisa menos correcta".
Depois de António José Seguro ter pedido uma reunião urgente a Cavaco Silva, o Presidente da República diz que está sempre disponível para receber o líder do PS, mas refere que os partidos da oposição não devem contar com ele para derrubar o Governo e convocar eleições antecipadas.
"A Assembleia da República é que pode determinar se há ou não há crises políticas, votando ou não votando moções de censura. Em Portugal há forças que esquecem que o Governo não responde politicamente perante o Presidente da República desde 1982, mas perante a Assembleia da República. Quem não está satisfeito tem demonstrar a sua capacidade de actuação na Assembleia da República", disse o Presidente da República, em declarações à margem de um evento comemorativo da PSP, em Lisboa.
O PS pediu uma reunião urgente a Cavaco Silva na sequência da demissão de Vítor Gaspar. O encontro está marcado para a tarde desta quarta-feira.
"Garantias absolutas" sobre a seriedade da nova ministra
O Presidente da República diz que recebeu garantias de Pedro Passos Coelho relativamente à seriedade da sucessora de Vítor Gaspar. Maria Luís Albuquerque, que é a nova ministra das Finanças, é acusada pela oposição de estar associada aos contratos "swap" que lesaram as contas públicas e ainda de ter prestado falsas declarações sobre este assunto numa comissão parlamentar.
"O primeiro-ministro deu garantias absolutas de que sobre ela não pende qualquer coisa menos correcta. Recebi do primeiro-ministro garantias absolutas nesse sentido", afirmou Cavaco Silva.
Por outro lado, o Presidente da República recusou comentar
a carta de demissão de Vítor Gaspar e mostrou-se confiante de que a recuperação económica e a criação de emprego continuarão no topo das prioridades do Governo.
Na carta que enviou ao primeiro-ministro, e que decidiu divulgar publicamente, Vítor Gaspar revela que se demitiu três vezes e admite que a sua credibilidade estava "minada".