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Governo inicia conversas diárias com a comunicação social

01 jul, 2013 • Eunice Lourenço

Ideia do ministro Miguel Poiares Maduro encontrou resistência dentro da equipa governativa, onde há quem receie os efeitos da medida.

Governo inicia conversas diárias com a comunicação social
Começa, esta segunda-feira, a nova forma de comunicação do Governo, com conferências de imprensa diárias, sempre às 12h30. O secretário de Estado Pedro Lomba, antigo comentador político, é o responsável pelos encontros com os jornalistas, que vão ter uma duração máxima de meia hora.

A ideia partiu do ministro Miguel Poiares Maduro, com o objectivo de melhorar a comunicação do Governo, mas a ideia encontrou algumas reservas e resistências dentro do próprio executivo.

Há quem receie que o Governo não tenha nada para dizer todos os dias e quem pense que há alguma ingenuidade do ministro até no modo como a ideia foi lançada.

Pedro Lomba, secretário de Estado adjunto de Poiares Maduro, fica com a tarefa de colocar a ideia em prática, mas sem ter o lugar de porta-voz do Governo. Nalgumas ocasiões, em função da actualidade, pode dar o lugar a outros secretários de Estado ou mesmo a ministros.

Às quintas-feiras não há encontro, porque é dia de Conselho de Ministros e Miguel Poiares Maduro quer tornar a conferência de imprensa desta reunião mais regular e eficaz.


“É uma maneira de a democracia funcionar”
O ex-director do jornal “Público” considera que a iniciativa das conversas diárias com jornalistas pode ser útil, se for bem utilizada, e refere que “é um hábito comum” noutros países.

“Por exemplo, na Casa Branca todos os dias há conversas com os jornalistas”, recorda.

“Há umas décadas, o primeiro-ministro ia ao Parlamento uma vez por ano, agora vai de 15 em 15 dias. Às vezes, olhamos para aqueles debates quinzenais e perguntamo-nos o que é que acrescentam. Não acrescentam nada de especial, mas são uma forma de a democracia funcionar”, sustenta ainda.

Nessa medida, José Manuel Fernandes defende que a medida de Miguel Poiares Maduro “não deve ser encarada, nem pela parte do Governo como uma espécie de momento de propaganda, nem pela parte dos jornalistas como uma espécie de momento de ajuste de contas”.