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Gaspar culpa a chuva pela desaceleração do investimento

07 jun, 2013

Ministro das Finanças recorreu ao sector da construção civil para sustentar a sua tese.

Gaspar culpa a chuva pela desaceleração do investimento
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, afirmou hoje que "o comportamento do investimento é muito preocupante", mas argumentou que foi prejudicado pelas "condições meteorológicas" no primeiro trimestre do ano, que prejudicaram a construção civil. O deputado do PCP Honório Novo, aparentemente surpreendido com a explicação do ministro das Finanças, conclui que o "descalabro orçamental" que determinou a necessidade de um orçamento rectificativo aconteceu, afinal, por culpa da chuva.
Vítor Gaspar afirmou esta sexta-feira que as condições meteorológicas adversas prejudicaram o investimento em Portugal. "Naturalmente, o comportamento do investimento é muito preocupante, sendo, no entanto, que o investimento no primeiro trimestre deste ano é adversamente afectado pelas condições meteorológicas nos primeiros três meses do ano, que prejudicaram a actividade da construção", afirmou o ministro das Finanças.

O deputado do PCP Honório Novo, aparentemente surpreendido com a explicação do ministro das Finanças, concluiu que o "descalabro orçamental" que determinou a necessidade de um Orçamento Rectificativo aconteceu, afinal, por culpa da chuva. 

Honório Novo perguntou ainda se Vítor Gaspar se tinha apercebido de que "a OCDE e o INE tinham destruído literalmente todas as projecções macroeconómicas do DEO [Documento de Estratégia Orçamental] e do Orçamento Rectificativo".

Na resposta, Vítor Gaspar disse que "as hipóteses de política orçamental nas previsões da OCDE são diferentes das que estamos hoje aqui a discutir e essa diferença de hipóteses técnicas - que está explicitamente reconhecida no documento da OCDE - tem implicações muito significativas no deflator do PIB", respondeu o ministro.

"Acontece também que a reposição dos subsídios decidida em resposta ao acórdão do Tribunal Constitucional tem como consequência que o deflator do consumo público será maior e isso reflectir-se-á no deflator do PIB. Trata-se, senhor deputado, de uma identidade contabilística com pouca carga ideológica", acrescentou Vítor Gaspar.

Honório Novo tinha começado por citar o parecer do Conselho Económico e Social ao DEO, onde se afirma que o Governo "ignora que a questão fundamental é o crescimento económico". "Até o Conselho de Finanças Públicas e a doutora Teodora Cardoso - sempre tão carinhosos com o Governo, que lhes paga milhões de euros - afirmam não ser possível entender a lógica das suas previsões ou resultados", sustentou o deputado comunista.

"Está tudo maluco à sua volta e o senhor é o único iluminado por uma luz do 'Além' ou do gabinete do ministro alemão das Finanças?", questionou ainda Honório Novo.