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Eventual demissão do Governo "não tem de conduzir a eleições"

02 abr, 2013

Social-democrata Nuno Morais Sarmento considera que eleições antecipadas seriam uma "tragédia" para o país.

Eventual demissão do Governo "não tem de conduzir a eleições"
O social-democrata Nuno Morais Sarmento defende, no programa "Falar Claro da Renascença, que uma eventual demissão do Governo “não tem de conduzir a eleições” antecipadas, um cenário que seria uma "tragédia" para o país, diz. Já o socialista Vera Jardim admite que este não será o momento ideal para o PS apresentar uma moção de censura ao Governo, mas refere que é o próprio parceiro de coligação, o CDS, a fazer "censura ao Governo".

A eventual demissão do Governo “não tem de conduzir a eleições” antecipadas, defende o social-democrata Nuno Morais Sarmento em declarações ao programa “Falar Claro” da Renascença.

O antigo ministro da Presidência considera em caso de chumbo parcial dos artigos do Orçamento do Estado deste ano em análise no Tribunal Constitucional, o Governo deve manter-se, mas se for tudo chumbado a demissão do Governo é um cenário compreensível, mas sem eleições.

“Se o chumbo for parcial, aquilo que eu gostaria que o primeiro-ministro, o PSD e o Governo de coligação fizessem é ficarem em funções, com todos os incómodos que isso causa, – é uma tragédia eleições – e procurarem com o país, envolvendo o PS, que tem responsabilidades também enquanto partido líder da oposição, na tal solução alternativa”, defende.

“Em princípio, eu acho que o Governo tem que se manter em funções, eu acho que o país não perceberia e não perdoaria, seja a quem for. Também não perdoaria uma moção de censura aprovada, esta é a brincar. Qual é que é o limite a que o Governo está obrigado? Eu não sei dizer, as únicas pessoas que podem responder são o primeiro-ministro  e o ministro das Finanças”, sublinha Nuno Morais Sarmento.

O antigo ministro da Presidência considera que eleições antecipadas, neste momento, seria, uma “tragédia”. Tendo em conta "a situação que a Europa toda vive, era arriscarmo-nos a um segundo resgate, a uma duplicação da dose que conhecemos até aqui", argumenta.
 
Vera Jardim preocupado com falta de "plano B"
Já o socialista Vera Jardim defende que o Governo tem obrigação de procurar medidas alternativas para o chumbo do Tribunal Constitucional.

“É difícil? Admito que sim. Agora, ver o Governo a dizer que não tem uma segunda alternativa, que não tem um plano B, é uma coisa que também me assusta”, afirma o antigo ministro da Justiça.

Vera Jardim diz que o Governo liderado por Pedro Passos Coelho está esgotado e “não leva o país a porto seguro”.

“É uma conclusão que o PS tira e é livre de tirar. Isso não implica que não haja trabalhos a fazer, com este ou com outro Governo, e o PS também o diz que não vai para o Governo sem eleições, acho muito bem que o diga, porque já temos experiências muito más nesse aspecto”, argumenta.

A moção de censura ao Governo que o PS vai apresentar quarta-feira, no Parlamento, foi outro dos temas em debate nesta edição do programa “Falar Claro” da Renascença.

O social-democrata Nuno Morais Sarmento considera que esta moção de censura “é absolutamente estéril” e é “um exemplo de ‘politiquês’, uma coisa que agita muito os políticos, mas que não adianta um centímetro na vida das pessoas”.

Vera Jardim mantém a ideia de que esta não será a melhor altura para apresentar uma moção de censura ao Governo, mas aceita os argumentos invocados pelo líder do PS, António José Seguro, na comissão política do partido.

O antigo ministro socialista argumenta ainda que o CDS, parceiro de coligação do PSD, é que “faz censura ao Governo”, quando dirigentes do partido reivindicam uma remodelação do Executivo.