Emissão Renascença | Ouvir Online

Portugal consegue mais tempo para cortar défice e despesa

14 mar, 2013 • Paula Caeiro Varela

País tem agora até 2015 para atingir défice de 2,5% e mais um ano para cortar quatro mil milhões de euros. Novas previsões do Governo e da "troika" admitem uma taxa de desemprego acima dos 18% este ano e em 2014, segundo fonte da maioria.

Portugal conseguiu mais tempo para reduzir o défice e cortar a despesa em quatro mil milhões de euros, apurou a Renascença.

A folga foi garantida durante a sétima avaliação da “troika”, que se prolongou por três semanas. Esta foi a mais longa, desde que Portugal pediu ajuda, em Abril de 2011.
 
Os prazos para a diminuição do défice foram progressivamente adiados. No final deste ano, Portugal terá de chegar aos 5,5%, em 2014 o défice orçamental tem de baixar para 4% e chegar aos 2,5% em 2015.

Portugal consegue mais um ano para ajustar o défice e consegue também mais tempo para concretizar os cortes de quatro mil milhões de euros na despesa do Estado.

O calendário desta redução da despesa é alargado também mais um ano, mas sobre isso o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, não deverá adiantar nada esta sexta-feira, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados da sétima avaliação da "troika" ao resgate português, porque o Governo aguarda ainda pela decisão do Tribunal Constitucional sobre algumas medidas do Orçamento do Estado para 2013.

Fontes do Governo e da maioria afirmaram à Renascença que a flexibilização das metas não foi feita a troco de mais austeridade. Os argumentos que pesaram nestas quase duas semanas de negociação prendem-se não só com a credibilidade que o país conseguiu junto dos credores internacionais, mas também com a degradação da situação económica externa e também com a situação económica e social do país.

As novas previsões do Governo e da troika admitem agora, segundo fonte da maioria, uma taxa de desemprego acima dos 18% este ano e em 2014.

"Isto é uma derrota"
Em declarações ao programa “Conselho de Directores” da Renascença, o director do “Jornal de Negócios”, Pedro Santos Guerreiro, diz que o alargamento do prazo de ajustamento significa uma "derrota".

“Isto foi necessário porque as coisas correram mal. A derrota foi Portugal não ter conseguido por mau desenho do programa, não pelo comportamento dos portugueses. Não era possível desempregar mais, tributar mais e dar mais austeridade do que aquela que foi dada e aceite pelos portugueses, tem a ver com o mau desenho do programa de ajustamento”, afirma Pedro Santos Guerreiro.

“A verdade é que não conseguimos. Se pensarmos bem, nós estamos intervencionados há quase dois anos, estamos com cargas de austeridade absolutamente brutais, com cargas de impostos absolutamente insuportáveis, com um desemprego que não cessa de aumentar e vamos chegar ao fim deste ano apontando para um objectivo de défice de 5,5%. Tanta coisa para isto?”, pergunta o director do “Jornal de Negócios”.