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Sudão do Sul

Jornalistas detidos por “ignorar discurso presidencial”

06 jan, 2013

Verdadeira causa da detenção poderá estar ligada a um massacre cometido por soldados do Governo que as autoridades querem dissuadir a imprensa de investigar.

As autoridades do Sudão do Sul detiveram dois jornalistas de um órgão estatal. O par é acusado de não ter feito a cobertura de um “importante discurso” do Presidente da República Salva Kiir.

“Foram detidos simplesmente porque quando o Presidente chegou a Wau, no dia 22 de Dezembro de 2012, fez um discurso muito, muito importante”, explicou o ministro de Informação do Estado Derrick Alfred Uya.

A razão invocada, contudo, não convence os defensores da liberdade de imprensa. A organização “Committee to Protect Journalists” (CPJ), que opera a partir de Nova Iorque, já pediu a libertação imediata dos dois profissionais e diz que as detenções serviram, na verdade, para intimidar a imprensa e evitar que esta investigue uma chacina naquela região, durante a qual 10 manifestantes foram mortos por soldados.

Na altura uma cassete com imagens do massacre foi entregue a órgãos de informação internacionais e transmitida na Al-Jazeera. Segundo a CPJ as autoridades suspeitam que a cassete tenha sido entregue por alguém da televisão estatal, o que motivou estas acções de repressão e intimidação.

O Sudão do Sul não tem qualquer lei para reger a comunicação social e os seus dirigentes são, na maioria, ex-guerrilheiros que estão habituados a agir com impunidade.