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Alterações climáticas em debate no Qatar

26 nov, 2012

Especialistas mostram-se pouco optimistas quanto ao resultado. Quercus lembra que o mundo se afasta cada vez mais da meta de emissões de gases com efeitos de estuga que os cientistas apontam como não sendo prejudicial ao planeta.

Alterações climáticas em debate no Qatar

São 194 os países que, a partir desta segunda-feira se reúnem no Qatar para a 18ª Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas.

Em cima da mesa está o prolongamento do Protocolo de Quioto e as negociações para um novo pacto sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa, que deverá alargá-lo aos países em vias de desenvolvimento.

Mas as expectativas são fracas, por parte dos especialistas. Francisco Ferreira, da associação ambientalista portuguesa Quercus, confirma.

“Temos participado anualmente nestas reuniões das Nações Unidas e sentimos que a urgência que o planeta e as próximas gerações nos exigem em termos de trabalho e de compromissos, ficam sempre muito aquém em relação às decisões que são tomadas. Cada ano que passa, estamos mais longe daquilo que os cientistas apontam como a meta de emissões que não causará prejuízos ao planeta”, revela à Renascença.

Nesse mesmo sentido foi o alerta da agência da ONU para o Ambiente, na quarta-feira, segundo a qual a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera aumentou 20% desde 2000.

No fim-de-semana, um estudo divulgado pelo Banco Mundial avisa que a temperatura global pode subir quatro graus celsius até ao final do século se falharem as tentativas de combater as alterações climáticas, provocando vagas de calor, a subida do nível do mar e quebra da produção de alimentos.

A 18ª Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas decorre até 7 de Dezembro em Doha. Nas últimas semanas, as Nações Unidas e organizações internacionais como o Banco Mundial, associações ambientalistas e cientistas exerceram pressão sobre os participantes para que sejam alcançados consensos.

Em finais de Outubro, cientistas reunidos em Lima (Peru) advertiram que tempestades como a que se abateu sobre a costa leste dos Estados Unidos – que deixou 40 mortos e um rasto de destruição – são sinais das alterações climáticas e só irão piorar.

Mas as negociações para o estabelecimento de compromissos no âmbito de um Quioto 2 estão minadas por divergências entre países industrializados e em vias de desenvolvimento, além da grande lacuna de o protocolo não abranger os três maiores emissores de gases com efeito de estufa – os Estados Unidos nunca o ratificaram enquanto a China e a Índia não são abrangidos pelas metas obrigatórias.