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Ainda a polémica do declínio. Schulz diz que "não é proibido escolher Portugal como exemplo"

09 fev, 2012

Presidente do Parlamento Europeu refere que o exemplo português surgiu "por acaso" e sustenta que as suas palavras sobre um futuro de declínio "não tinham nada que ver com Portugal, mas sim com a Europa". Schulz fez a sua defesa esta quinta-feira à tarde.

Ainda a polémica do declínio. Schulz diz que "não é proibido escolher Portugal como exemplo"
"Passos Coelho pediu mais investimento em Portugal porque Angola tem muito dinheiro. Este é o futuro de Portugal: o declínio, o perigo social, se não percebermos que em termos económicos - e sobretudo com o nosso modelo democrático e estabilidade económica - só temos hipóteses dentro da União Europeia." São as palavras do presidente do Parlamento Europeu que estão a causar polémica. O próprio já "twitou" que nunca criticou o primeiro-ministro nem quis interferir na política externa portuguesa.
O presidente do Parlamento Europeu considera que foi mal interpretado a propósito das declarações que fez sobre Portugal, numa conferência no início de Fevereiro. Martin Schulz sustentou esta quinta-feira, em Bruxelas, que não disse que o futuro de Portugal é o declínio, a propósito de uma viagem de Passos Coelho a Angola. Por outro lado, argumentou que "não é proibido escolher Portugal como exemplo".

O presidente do Parlamento Europeu diz que a referência a Portugal surgiu "por acaso". "Podia ter escolhido qualquer outro exemplo”, afirma. "Penso que não é proibido escolher Portugal como exemplo e podia também ter escolhido a Alemanha, que é o que estou a fazer. Diz-nos respeito a todos”, sublinha.

Martin Schulz garante que as suas palavras “não tinham nada que ver com Portugal, mas sim com a Europa, e a falta de solidariedade entre nós”. “Isso foi verdadeiramente mal interpretado e qualquer um pode ouvir que aquilo que eu disse nesse debate com o presidente do Parlamento alemão foi claramente um apelo à solidariedade no seio da Europa", acrescentou. 

O presidente do Parlamento Europeu argumenta que o "que é importante para Portugal é também importante para a Alemanha, é importante para Malta, Chipre e Luxemburgo". "Se permitirmos que nos dividam, que nos separem em 27 pedaços, não seremos suficientemente fortes para lidar com os desafios do seculo XXI e isso diz respeito tanto a Portugal como à Alemanha."

"Eu não falei do declínio, falei da ameaça que a Europa tem que levar a sério. Se não formos solidários na Europa, se, por exemplo, os grandes países tornam pública a imagem de que não se importam com os pequenos países, se a Alemanha passa a imagem que a Grécia e Portugal não nos interessam, é a Europa, enquanto tal, que se torna irrelevante e é a Europa que fica ameaçada pelo declínio”, explicou ainda o presidente do Parlamento Europeu.

"Lamento muito que tenha havido gente que tentou interpretar mal uma coisa que não pode ser mal interpretada, pois eu não critiquei o Governo, nem Portugal. Apenas exprimi a ideia que os europeus fariam melhor em trabalhar em conjunto", afirmou.

O Governo já se pronunciou sobre esta polémica, divulgada pelo jornal “Público”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros considerou, em comunicado, que as declarações do presidente do Parlamento Europeu “são inadequadas pela função que exerce”, são “intrusivas quanto à política externa de um Estado soberano” e “são até infelizes pela ideia redutora que transmitem do que deve ser o relacionamento entre a Europa e África”.