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Cavaco Silva sente “profunda consternação” pela morte de Sanhá

09 jan, 2012

António Pacheco traça o perfil do primeiro presidente muçulmano da Guiné e sacerdote fala da tristeza da população.

Cavaco Silva sente “profunda consternação” pela morte de Sanhá
Cavaco Silva já enviou uma mensagem de condolências dirigida ao Presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau. O Presidente da República português manifestou "profunda consternação" pela morte do seu homólogo guineense e destacou o legado de coragem pessoal e de determinação política na luta pelos valores da democracia.

Cavaco Silva acredita que o povo guineense e as suas instituições, civis e militares, saberão estar à altura deste legado, dando continuidade aos esforços na
consolidação do caminho pacífico e democrático de desenvolvimento social e económico.

António Pacheco, especialista em questões africanas, traça o perfil daquele que foi o primeiro presidente muçulmano da Guiné Bissau: “Tinha uma característica, de ser o primeiro muçulmano a ocupar o cargo por eleitoral. Foi uma presidência atribulada, passou metade do tempo entre Paris e Dacar, em hospitais. Vai ser substituído por enquanto pelo presidente do Parlamento, e depois vai haver uma fase para se decidir quando é que há eleições”

António Pacheco explica que a presidência era uma ambição de longa data para Malam Bacai Sanhá: “Teve uma carreira feita à custa, e à volta, do partido único, o PAIGC, durante muitos anos e tinha esta ambição de ser presidente da República, já tinha ocupado o cargo em substituição de Nino Vieira, quando era presidente do Parlamento”.

Ainda hoje estiveram reunidas as mais altas figuras do Estado para ver como irão agir, mas ainda não saiu qualquer decisão.

Nas ruas de Bissau, entretanto, a notícia da morte do presidente foi recebida com tristeza, explica o padre Davide, director da Rádio Solmansi: “Foi recebida com tristeza mas sem grande surpresa. Há muito tempo que ele estava internado e já circulavam boatos sobre a sua morte. Mas o clima geral é tranquilo, por enquanto não foram tomadas medidas”.

Contudo, explica este sacerdote, o perigo de instabilidade política é uma constante: “A morte vem duas semanas depois da alegada tentativa de golpe de Estado. A morte de um presidente em África traz sempre instabilidade, e nestas circunstâncias ainda mais, mas confiamos na maturidade e na capacidade de viver este momento de maneira pacífica”.

Com o poder agora concentrado nas mãos do presidente do Parlamento, o Padre Davide espera no entanto que as eleições presidenciais posam ocorrer ainda este ano a par das parlamentares que já estavam marcadas.

Malam Bacai Sanhá morreu esta manhã num hospital em Paris. O presidente contava 64 anos e morreu de doença prolongada, tendo estado internado desde Novembro.