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Líbia

Amnistia Internacional pede inquérito independente à morte de Khadafi

20 out, 2011

O secretário-geral das Nações Unidas sublinha a necessidade de reconciliação e o especialista Bernardo Pires de Lima lembra que isto envia um sinal “fortíssimo” às restantes ditaduras africanas e orientais. 

Amnistia Internacional pede inquérito independente à morte de Khadafi

Começam a surgir dúvidas sobre as circunstâncias da morte de Muammar Khadafi. A Amnistia Internacional pede um inquérito independente à morte do líder líbio.

A televisão Al-Jazeera mostrou hoje imagens em que surge Khadafi com sangue no rosto, a ser levado por rebeldes, manifestando alguma resistência e a ser empurrado para um carro com uma pistola apontada à cabeça.

O líder líbio foi capturado na sequência do bombardeamento à coluna de veículos que tentava sair da cidade de Sirte. Os restos mortais de Khadafi serão agora colocados numa mesquita em Misrata.

Corre agora a informação, avançada por duas televisões árabes, que confirmam a morte de um dos mais mediáticos filhos de Khadafi, Saif al-Islam.

A notícia da morte do coronel foi comentada pelas principais diplomacias ocidentais e esperam-se declarações do Presidente norte-americano, Barack Obama, ainda ao início desta noite. O nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, já disse que espera que a Líbia possa iniciar agora um novo ciclo.

Ban-Ki Moon pede agora “oportunidades e justiça para todos”
Por seu lado, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban-Ki Moon, sublinha a necessidade de reconciliação. Ban-Ki Moon diz que o povo líbio deve agora avançar para um futuro de justiça e oportunidades para todos.

“Esta é a altura para os líbios se unirem. O povo só poderá dar conta da promessa de um futuro através da unidade e da reconciliação. Combatentes de ambos os lados, deverão depor as armas em paz, todos os líbios deverão reconhecer-se na liderança do seu Governo. A esperança depositada nos longos dias de revolução e conflito deve ser traduzida para oportunidades e justiça para todos”, declarou.

O secretário-geral da ONU também adiantou que a missão das Nações Unidas no terreno está já pronta e disponível para ajudar o país.

“Nem todos os ditadores podem estar sobre o jugo da justiça”
Para Bernardo Pires de Lima, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, este era um cenário expectável. Ainda assim, a morte do coronel líbio pode ser considerado um sinal bem claro para os países vizinhos do que pode acontecer aos regimes ditatoriais.

“É expectável que haja alguns picos de violência, sobretudo para honrar o ‘mártir’ que acabou de morrer. Por outro lado, encerra aqui um capítulo, em que é possível demonstrar à região, falo até de uma região mais alargada ao Médio Oriente, em que nem todos os sinais de ditadores malditos aos olhos da população podem estar sobre o jugo da justiça”, explica.

“Portanto eles podem ter um final sangrento. Isto é uma mensagem fortíssima, não só para o Norte de África mas também para outras regiões”, considera ainda Bernardo Pires de Lima.