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Mediterrâneo mortal. Mais de 2.000 pessoas morreram desde Janeiro

04 ago, 2015

A maior parte foge de guerras e perseguições, colocando-se à mercê das redes de tráfico numa tentativa de encontrar melhores condições de vida e segurança.

Mediterrâneo mortal. Mais de 2.000 pessoas morreram desde Janeiro
Mais de 2.000 pessoas morreram desde o início de 2015 ao tentarem atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa, segundo um novo balanço divulgado pela Organização Internacional das Migrações (OIM).

"Infelizmente ultrapassámos um marco em que 2.000 migrantes e refugiados morreram até ao fim-de-semana passado", disse um porta-voz da OIM, Itayi Virri, à imprensa em Genebra.

Segundo a organização, cerca de 188.000 pessoas foram salvas no Mediterrâneo desde o início deste ano.

A maior parte das pessoas foge de guerras e perseguições, colocando-se à mercê das redes de tráfico numa tentativa de encontrar melhores condições de vida e segurança. Aceitam, por isso, fazer uma perigosa travessia em barcos e condições precárias.

Um terço dos homens, mulheres e crianças que alcançaram as costas da Grécia ou de Itália desde o início do ano é oriundo da Síria, palco de uma guerra civil desde 2011, segundo o Alto Comissariado para os Refugiados da ONU (ACNUR).

As pessoas que fogem da violência contínua no Afeganistão e do repressivo regime da Eritreia representam 12% do total, segundo o relatório do ACNUR. Somália, Nigéria, Iraque e Sudão são outras das principais proveniências dos migrantes.

Em Junho, em resposta à crise, os chefes de Estado e de Governo dos 28 países da União Europeia aprovaram repartir entre si 60 mil refugiados nos próximos dois anos. No entanto, os 28 não aceitaram definir quotas, sendo o acolhimento feito com base de modo voluntário. Foi, assim, rejeitada a proposta da Comissão Juncker de quotas obrigatórias, com o número de pessoas a acolher definido à partida.

Pedidos de asilo a aumentam
Mais de 660.000 pessoas pediram asilo a países europeus em 2014, o número mais alto registado, e, no final do ano, mais de meio milhão de candidatos aguardavam uma decisão sobre o seu pedido.

A maioria dos pedidos de asilo foi apresentada por cidadãos da Síria (128.000), Balcãs Ocidentais (110.000) e Eritreia (47.140), segundo o relatório anual do Gabinete Europeu de Apoio ao Asilo (EASO) sobre os pedidos de protecção internacional apresentados a Estados-membros da União Europeia, à Noruega e à Suíça (UE+).

Além da Síria, cujo importante número de pedidos representou "um enorme desafio para a UE", outros países palco de conflitos registaram um aumento significativo em relação a 2013, como o Afeganistão, país de origem de 42.745 candidatos, mais 53% que no ano anterior, e a Ucrânia, com mais de 14.000 pedidos, 13 vezes o número registado em 2013.

Apesar da tendência geral de aumento, Portugal registou em 2014 uma redução do número de pedidos, 440 contra 510 em 2013. Desses, apenas 40 tiveram resposta favorável naquele período de tempo.

Veja aqui a reportagem da Renascença "A Sul da Sorte", que venceu Prémio Gazeta Multimédia