Emissão Renascença | Ouvir Online

Juncker é contra saída da Grécia do euro e pede para se deixarem os "egos de lado"

07 jul, 2015

Presidente da Comissão Europeia lembra inda que 18 democracias não podem atender dos desejos de apenas uma: o Eurogrupo é um grupo.

O presidente da Comissão Europeia disse esta terça-feira, em Estrasburgo, França, que continua a acreditar que se deve evitar uma saída da Grécia da Zona Euro e garantiu que vai continuar a trabalhar para que seja alcançado um acordo.

"Há alguns na União Europeia que, abertamente ou não, fazem campanha pela saída da Grécia da Zona Euro. Eu sou contra um 'Grexit'”, declarou Jean-Claude Juncker, durante um debate no Parlamento Europeu.

O presidente do executivo comunitário, que ao final da tarde participará numa cimeira da Zona Euro, em Bruxelas, voltou a criticar as posições do Governo grego ao longo do processo, mas defendeu que é altura de se deixar "egos de lado" e de voltar à mesa das negociações, com "bom senso" e menos agressividade.

Juncker, que ainda não se tinha pronunciado sobre o resultado do referendo grego de domingo passado, explicou que optou por fazê-lo na assembleia europeia por considerar ser esse o local mais indicado, e, garantindo que respeita o voto do povo grego, disse que vai pedir ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que explique o que significa o mesmo, pois não sabe ao certo a que é que os gregos disseram “Não”.

"Os cidadãos da Grécia pronunciaram-se e eu gostava de saber o que disseram. Foi-lhes colocada uma questão sobre algo que não existe. O povo grego votou maioritariamente ‘Não’ sobre um texto que já não está sobre a mesa", disse, observando que Tsipras "sabe muito bem" que a proposta das instituições que submeteu a consulta popular já não espelhava a situação.

Insistindo nas críticas ao Governo grego, Juncker considerou "inaceitável" que as autoridades de Atenas tenham classificado os credores como "terroristas" e considerou um "grave erro" o facto de a delegação grega ter abandonado a mesa das negociações, comentando que não se abandonam negociações antes de estas terem terminado.

Voltar a negociar
Contudo, asseverou que agora é tempo de as partes voltarem a conversar, questionando: "O que aconteceria se as nações europeias deixassem de falar umas com as outras?".

“Está na altura de voltarmos à mesa [das negociações], é o curso normal das coisas e precisamos de encontrar uma solução. Não vai ser de um dia para o outro. Hoje vamos falar uns com os outros, para nos entendermos e restaurar a ordem", disse, considerando irrealista pensar que é possível fechar já esta terça-feira um acordo na cimeira de Bruxelas, pois tal seria necessariamente "um acordo simplista".

“Quero dizer que a vontade da Comissão é de tudo fazer para alcançar um acordo. No entanto, é nosso entendimento que a Zona Euro - composta não apenas por uma democracia, mas sim por 19 - por isso, é necessário atender aos interesses de toda a zona e é preciso respeitar a vontade expressa pelas restantes 18 democracias. Uma democracia não vale mais do que outra: um cidadão é um cidadão”, sublinhou.

Os responsáveis políticos da Zona Euro vão discutir esta terça-feira, em Bruxelas, o caminho a seguir relativamente à Grécia depois do referendo de domingo, em reuniões de ministros das Finanças e de chefes de Estado e de Governo.