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A história inspiradora da "Malala da Síria"

06 jul, 2015

Mazoun Almellehan percorre campos de refugiados para convencer os pais a manterem as suas filhas na escola em vez de as pressionarem para casar.

A história inspiradora da "Malala da Síria"

Mazoun Almellehan tem 16 anos. Vive num campo de refugiados no meio do deserto da Jordânia, a uma centena de quilómetros da fronteira com a Síria. Há dois anos, a jovem síria teve de deixar tudo - com os pais e os três irmãos mais novos - para fugir da guerra civil. Mas Mazoun não pensa no que ficou para trás.

Mazoun concentra-se no futuro e está a fazer campanha entre os refugiados para manter as crianças na escola. Chamam-lhe a "Malala da Síria", numa referência à jovem paquistanesa, Nobel da Paz em 2014, que foi baleada pelos talibãs por promover a educação das raparigas.

Uma reportagem da CNN, que cita dados da UNICEF, diz que o casamento precoce subiu entre os refugiados sírios na Jordânia nos últimos três anos: de 18% em 2012 para cerca de um terço de todos os casamentos envolvendo um refugiado sírio em 2014.

Enquanto a longa guerra civil na Síria continua a ser travada sem fim à vista, os pais das jovens refugiadas preferem muitas vezes casá-las cedo para assegurar a sua estabilidade financeira. Mazoun acredita que isto é um erro e luta para convencer as jovens a voltar para a escola.

A reportagem da CNN mostra como, há dois anos, Mazoun tem andado de porta em porta nos campos de refugiados para convencer os pais a manterem as suas filhas na escola em vez de as pressionarem para casar.

"A educação é muito importante porque é o escudo que podemos usar para nos protegermos na vida. Se não tivermos educação, não nos podemos defender", afirmou a jovem ao canal de notícias norte-americano.
 
"Grande sonhos"
Em Fevereiro de 2014, Malala Yousafzai visitou Mazoun Almellehan no campo de refugiados de Zaatari. Mazoun esteve em Oslo para ver a Malala a recebe o Prémio Nobel da Paz em Dezembro passado.

"Tenho imenso orgulho em ser chamada a 'Malala da Síria'", afirmou à CNN. "Malala é uma pessoa muito dedicada e forte, que enfrentou enormes dificuldades na sua vida a tentar promover a educação. Isso dá-me uma enorme motivação para fazer mais."

Mas Malala ficou igualmente impressionada com Mazoun. "Foi óptimo conhecê-la", disse, numa entrevista às Nações Unidas. "Ela também tem grandes sonhos para o seu país. Ela quer que o seu país esteja em paz, quer ver a paz em cada canto da Síria."

No futuro, Mazoun quer ser jornalista. "É um trabalho muito bonito."