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Pedro Santos Guerreiro. Nova dose de "austeridade desembestada" não salvará a Grécia

03 jul, 2015

Reformas estruturais e renegociação da dívida não chegam. "A economia grega precisa de crescimento económico, se não vai continuar num processo de autodestruição", diz o director executivo do "Expresso".

Pedro Santos Guerreiro. Nova dose de "austeridade desembestada" não salvará a Grécia

Continuar a "pedir austeridade desembestada, depois de tantos anos de austeridade desembestada", dará maus resultados na Grécia, afirmou o director executivo do jornal "Expresso", Pedro Santos Guerreiro, no "Conselho de Directores" da Renascença.

Na Grécia, a austeridade teve resultado "o aniquilamento de grande parte da economia, um processo de destruição que foi muito além do que se esperava ou temia, quer na economia, quer no emprego".

Por isso, diz Pedro Santos Guerreiro, não basta "introduzir reformas estruturais que supostamente mais tarde vão produzir uma economia mais próspera" ou mesmo a renegociação da dívida.

"É evidente que a economia grega precisa de crescimento económico, se não vai continuar num processo de autodestruição", conclui o jornalista.

A situação grega continua num impasse. Esta sexta-feira, o principal tribunal administrativo da Grécia, o Conselho de Estado, vai pronunciar-se sobre a legalidade do referendo convocado pelo governo para domingo, sobre as medidas de austeridade propostas pelos credores internacionais da Grécia.

O pedido foi apresentado na quarta-feira por dois cidadãos, um deles um antigo juiz do Conselho de Estado, actualmente advogado, que alguns jornais gregos descrevem como próximo do partido Nova Democracia, um partido de centro-direita, defensor do "sim" na consulta popular.

Os requerentes pedem ao Conselho de Estado para anular o referendo argumentando que a sua realização viola o artigo 44, alínea 2, da Constituição, segundo o qual um referendo não pode ser convocado quando as questões em causa estão relacionadas com "as finanças públicas".

No sentido oposto, 12 advogados, na sua maioria próximos da esquerda, apresentaram uma contestação junto do mesmo tribunal, que também vai ser avaliada na sexta-feira, argumentando que o referendo é sobre "a soberania nacional".

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